2 de mai. de 2011

[Reestruturar dívida não está nos planos da UE]

«Nenhum país vai vetar ajuda a Portugal»

 

Garantia é do Fundo Europeu de Estabilização Financeira

Há até quem possa abster-se, mas um veto à ajuda a Portugal é «impossível». A garantia é dada pelo líder do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, afastando assim o cenário de bloqueio ao apoio financeiro externo de que o país precisa pelo menos para os próximos três anos.

«É necessária unanimidade para tomar uma decisão sobre o pacote de ajuda para Portugal, bem como para aumentar os recursos do EFSF (sigla em inglês). Podemos imaginar que um país se abstenha, mas um veto é impossível», assegurou Klaus Regling, numa entrevista publicada esta segunda-feira no jornal francês «Les Echos».

A Finlândia é o país que tem estado no centro desta polémica. Inicialmente reticentes em ajudar Portugal, os finlandeses já admitem apoiar o resgate luso.

Ainda assim, o partido conservador «Verdadeiros Finlandeses» continua a manifestar-se contra a inclusão do país no resgate. «Não podemos, em consciência, participar no pacote de ajuda a Portugal nem na criação de um mecanismo permanente de resgate», reiterou o partido, numa resposta citada hoje pela Reuters a uma pergunta colocada pelo líder da Coligação Nacional (o partido que venceu as eleições).

Contudo, os «Verdadeiros Finlandeses» estão disponíveis para participar nas negociações para formar o novo Governo de Helsínquia.
Austeridade: novo Governo vai estar à altura?

A ser aprovada a ajuda a Portugal, surgem os receios de que o Governo interino possa não ser forte o suficiente para impulsionar as reformas que o país precisará de implementar em troca desse apoio.

«Há certamente razões para nervosismo. Mesmo um governo completamente operacional com uma forte maioria parlamentar teria problemas em aprovar um programa de reformas tão drástico. Já tive essa experiencia várias vezes no Fundo Monetário Internacional e em Portugal é ainda mais difícil porque o Governo está apenas em gestão e em breve vai haver eleições», disse o mesmo responsável, mas numa entrevista ao alemão «Handelsblatt».

Regling considera que «precisamos de cerca de duas semanas para mobilizar capital suficiente nos mercados. Por essa razão, espero haja uma decisão até 16 de Maio» sobre o resgate português.

Embora ainda não tenha sido tomada nenhuma decisão sobre o pacote de ajuda, o FMI deverá ter uma contribuição de até um terço do montante total (as estimativas apontam para, pelo menos, 80 mil milhões de euros), tal como aconteceu com a Irlanda, diz o mesmo responsável.

Segundo o líder do fundo europeu, cerca de 10% do empréstimo será usado para apoiar os bancos nacionais,
uma percentagem em linha com o que aconteceu com a Grécia.
Prazo para baixar défice derrapa para 2015?

Ainda não há consenso entre o FMI e a União Europeia para os prazos de redução do défice em Portugal. O primeiro pretende que a meta de 3% do PIB seja alcançada não antes de 2015, um prazo demasiado longo, segundo a UE. Esta posição está a deixar muitos responsáveis do FMI «furiosos», segundo fontes ouvidas pelo «Jornal de Negócios».

O que se sabe, por agora, é que o pacote de austeridade que teremos de cumprir em troca de ajuda externa será conhecido até quarta-feira. Esta é já a quarta semana que a troika do FMI, BCE e Comissão Europeia está de pedra e cal em Portugal. 

A.F.

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