24 de abr. de 2011

Sustentabilidade da Floresta Nativa

Um presidente de sindicato de madeireiros do Estado do Amazonas disse e repetiu em encontro promovido pela WWF em Manaus que “da floresta amazônica se aproveitam apenas 5%, o resto é lixo”. Uma visão inversa nos levará ao que deveras poderíamos denominar de sustentabilidade da floresta amazônica. Ou seja, da floresta amazônica aproveitamos 95%, o resto é madeira. Por que quando um árvore da floresta deu tudo o que tinha a dar em morrendo nos oferece ainda a madeira.

Os principais valores de sustentabilidade que a floresta amazônica oferece, estão fora da área madeireira. Infelizmente, quem sustenta esta tese não tem acesso às discussões que decidem sobre a exploração sustentável da floresta. Para governo e madeireiro cadê o valor do néctar, do cipó, da copa das árvores, dos frutos que as copas oferecem para homens e animais? Cadê a garantia das fontes de água e o alimento dos animais da floresta? Cadê os óleos, as essências? Cadê a fonte maior e inesgotável de pesquisa nossa e das gerações vindouras sem as florestas e, finalmente, cadê a possibilidade de regeneração da biomassa por sobre a mãe-terra garantida somente com a floresta preservada?

Aqui somos apenas administradores da floresta nativa. E 95% da área que administramos é floresta nativa. Desde o início tivemos apreocupação de preservá-la e também investir nela para o nosso sustento. Primeiro coletamos os seus frutos, onde constatamos, de modo especial, o valor da coleta da castanha-da-amazônia. Mas a partir do momento em que começamos a investir nas copas das árvores, através da criação de abelhas, descobrimos o valor da biodiversidade existente na floresta nativa. Logo ela se tornou o carro-chefe de nossa experiência, tanto do ponto de vista financeiro, quanto na perspectiva de sua permanente sustentabilidade. As abelhas fazem a polinização das árvores e trazem mel, pólen, cera, e própolis para as colméias, deixando para trás enorme variedade de frutas que cairão a seu tempo, alimentando a vida animal, humana e vegetal. Da floresta vem a madeira e a palha, matéria prima para o abrigo de homens e animais, as águas puras para pessoas, animais e plantas e as sementes que renovam a biodiversidade.

Alguns alimentos da floresta que administramos são: mel, própolis, cera, pólen, castanha da Amazônia, açaí-jussara, bacaba, patauá, uchi, piquiá, buriti, abiu, bacuri, tucumã...; carnes: paca, cutia, quexada, caitetu, anta, capivara, jabuti, macaco...; Peixes: piranha, matrinchã, cará... Plantas medicinais: amapá, carapanaúba, saracura, andiroba, cumaru, sucuúba, abuta, jatobá... Jamais haverá sustentabilidade da floresta amazônica sob a ótica de madeireiros.

Presidente Figueiredo
Egydio Schwade

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