"A presidente é ruim de diagnóstico"
Para quem vive o dia a dia do poder já há mais de oito anos, convenhamos, que dona Dilma já deveria ter uma visão mais correta dos problemas brasileiros. Ocorre que a presidente analisa o país pela ótica ruim das esquerdas. E isto leva, inevitavelmente, a conclusões ruins e despropositadas.
Uma nota no site do Instituto Millenium mostra bem esta falta de clareza de parte de dona Dilma. Segue o texto. Comento em seguida:
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Dilma diz que a pobreza impede o exercício dos valores democráticos
Durante evento de homenagem a Tiradentes, em Minas Gerais, a presidente Dilma Rousseff disse que “a pobreza inibe o exercício pleno da cidadania” e que a democracia é o caminho para o desenvolvimento e a inclusão.
“O Brasil somente será efetivamente próspero quando não existir mais pobreza em nosso país. Por razões evidentes, a pobreza inibe o exercício pleno da cidadania. O resgate da pobreza equivale a uma verdadeira emancipação política”, disse Dilma, na cidade histórica de Ouro Preto.
“Estamos ganhando um novo nível de maturidade em nossa consciência cívica, em um ambiente cada vez maior de liberdade”, acrescentou Dilma. “Queremos uma democracia em sua completa integridade. Uma democracia feita de eleitores, bem como de plenos cidadãos. Neste caminho, desenvolvimento e inclusão se entrelaçam”.
Em Ouro Preto, além de ser condecorada com o Grande Colar da Inconfidência, a presidente assistiu, junto ao governador Antonio Anastasia, ao enterro dos restos mortais de três supostos membros do movimento da Inconfidência Mineira, primeira tentativa de independência do Brasil.
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COMENTANDO A NOTÍCIA:
O que vai acima não passa de uma imensa coleção de asneiras. Quando ouvido numa solenidade pública, pode arrancar aplausos e simpatia da galera. Lido e analisado no seu conteúdo, se vê não ir além de uma imensa coletânea de conceitos equivocados. O significativo nisto é que, esta coleção de equívocos, acaba povoando a sociedade brasileira e empobrecendo o debate.
Primeiro, que pobreza nunca foi impedimento para o pleno exercício da cidadania. O que nos garante vida cidadã é o conjunto de leis democráticas em pleno funcionamento através de instituições também democráticas funcionando rigorosamente em plena harmonia. E todo este conjunto é obtido através de um processo educacional sério e de qualidade. Pobreza é uma condição socioeconômica que se encontra em países ricos também. A diferença é que lá, pobres e ricos, são educados para servirem à sociedade e serem úteis a si mesmos. Portanto, ser pobre ou rico não depende do Estado babá, assistencialista. Até pelo contrário: quanto mais o Estado “garantir” subsistência aos cidadãos, mais eles se tornarão submissos ao interesse e caprichos do partido no poder. O que evita esta condição de submissão é justamente a educação de qualidade e virtuosa.
Por seu turno, a emancipação do cidadão se dá pela via do desenvolvimento econômico. Ora, quando um Estado se comporta como tutor e assume a condição de mantenedor do sustento do cidadão? Em estados autoritários, não em democracias plenas. Assim, tendo o cidadão acesso à educação de qualidade, ele próprio, por seus próprios meios, esforços e méritos, será incentivado a buscar esta emancipação por sua própria conta, sem que seja “assistido” pelo estado babá. Em consequência, ele próprio, não o Estado, acabará se “incluindo” no mercado, via mercado de trabalho.
Isto somente será possível se o país for conduzido de forma responsável para um processo de desenvolvimento sustentável. Tal condição, entretanto, somente será alcançada a partir do momento em que este Estado deixe de ser um peso opressivo para a sociedade que pretende representar.
Assim, dizer que a pobreza impede o exercício de valores democráticos não passa de pura fanfarronice. Nenhum país rico nasceu rico. Ele se fez alçando tal condição a partir da educação plena de seu povo. Valores democráticos só podem ser desenvolvidos em ambientes onde o estado de direito e o respeito às oposições vigoram de forma plena. Quando um presidente de partido demoniza seus adversários e até prega sua extinção, não há valor democrático que se consolide de forma plena. Permite-se que a pobreza seja vencida em uma sociedade onde a educação seja a prioridade das prioridades, e desenvolvida de forma virtuosa pelo mérito, e não pela condição de cor de pele, opinião política ou gênero sexual.
Olhando-se para as políticas públicas que o PT tenta impor ao país, o Brasil que eles imaginam é um país de castas, de categorias, de grupelhos elitizados aos quais se quer garantir benefícios especiais que são negados aos demais cidadãos. E isto, caro leitor, jamais poderá redundar numa sociedade democrática como o discurso mistificador tenta insinuar.
Enquanto vigorarem entre nós estes conceitos e valores pervertidos, jamais poderemos sonhar com uma sociedade igualitária. Nas tiranias, só se tem permissão para consentir e dizer sim. É nas democracias que os contrários se justificam e são eles quem garantem consistência ao regime de liberdades.
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