Homenagem a Couto Viana, na FNAC (Colombo-Lisboa)
Nome: António Manuel Gonzales Couto Viana
Nascimento: 24-1-1923, Viana do Castelo
Poeta, encenador, ator e professor, nascido a 24 de janeiro de 1923, em Viana do Castelo,
foi codiretor de Távola Redonda e diretor de Graal. Os primeiros livros de poesia de Couto Viana contrapõem-se, pelo equilíbrio e rigor formais e assunção da sinceridade lírica, ao contexto da poesia portuguesa do final da primeira metade do século, que oferecia "o aspeto de um acampamento desordenado e ruidoso, com pretensas mensagens tremulando no topo de mastros mal firmados" (cf. MOURÃO-FERREIRA, David - "De "O Avestruz Lírico" Até "A Face Nua", in Uma Vez - Uma Voz, 1985, p. 12). A participação no projeto da Távola Redonda, cujo título retoma um poema de António Manuel Couto Viana, datado de 1949, e publicado no fascículo 7, integra o poeta num grupo de autores que fixam como caminho para a aventura estética a busca de uma voz "pura e verdadeira", orientada para a "revalorização do lirismo", e exigindo ao poeta "autenticidade e um mínimo de consciência técnica, a criação em liberdade e, também, a diligência e capacidade de admirar, criticamente, os grandes poetas portugueses de gerações anteriores a 1950. Sem reservas ideológicas ou preconceitos de ordem estética" (VIANA, António Manuel Couto - "Breve Historial" in As Folhas Poesia Távola Redonda, Boletim Cultural da Fundação C. Gulbenkian, VI série, n.º 11, outubro de 1988). Destes princípios brota uma poesia que se aproxima metricamente das matrizes tradicionais, com ligação, no aproveitamento de temáticas dos romanceiros, à tradição oral. Ao mesmo tempo, a poesia revela o contexto literário em que nasce, procurando o poeta, pela ironia, tentar superar "o receio do desacordo entre o tipo de poesia que pode fazer e aquele que o momento exige"(MOURÃO-FERREIRA, David, ibi, p. 13), dando voz, sobretudo a partir de Mancha Solar, à angústia e pessimismo de uma geração pós-guerra, que vive na iminência traumática de uma catástrofe universal ("vivemos ainda, mas sobre o abismo irremediável", "Aviso Inútil") e de uma nação bloqueada num regime totalitário, embora o poeta se mantenha sempre fiel a uma voz íntima e alheio aos "mitos de aluguer", ao partido "Dos homens gastos por bandeiras gastas, / Vigilantes de livros e de castas, / Em defesa do mundo dividido" ("Pátria Exausta").
Bibliografia: O Avestruz Lírico, Lisboa, 1948; No Sossego da Hora, Lisboa, 1949; O Coração e a Espada, Lisboa, 1953; A Face Nua, Lisboa, 1954; Mancha Solar, Lisboa, 1959; A Rosa Sibilina, Lisboa, 1960; Relatório Secreto, Lisboa, 1963; Poesia (1948-1963) (inclui Realejo), Lisboa, 1965; Desesperadamente Vigilante, Lisboa, 1968; Pátria Exausta, Lisboa, 1971; Raiz da Lágrima, Lisboa, 1973; Nado Nada, Lisboa, 1977; Voo Doméstico (inclui Poeta em Veneza, África de Passagem e Por Mão Própria), Lisboa, 1978; Retábulo Para um Íntimo Natal, s/l, 1980; Ponto de Não Regresso, Braga, 1982; Entretanto Entre Tantos, Lisboa, 1985; Uma Vez Uma Voz - Poesia Completa (1948-1983), Lisboa, 1985; Teatro ao Serviço da Criança, Lisboa, 1967; Frei Luís de Sousa à Luz de Novas Luzes, Porto, 1983; Morte e Glória de Narciso no Poeta Alfredo Pimenta, Guimarães, 1982; O Tema da Restauração na Dramaturgia Portuguesa, s/l, 1985; Escavações de Superfície, Lisboa, 1995; O Caminho é por Aqui, s/l, 1949; Auto das 3 Costureiras: Ensaio de Teatro Popular, s/l, 1952; Auto do Bom Pastor, s/l, 1954; Auto do Capitão de Deus, s/l, s/d
Nascimento: 24-1-1923, Viana do Castelo
Poeta, encenador, ator e professor, nascido a 24 de janeiro de 1923, em Viana do Castelo,
foi codiretor de Távola Redonda e diretor de Graal. Os primeiros livros de poesia de Couto Viana contrapõem-se, pelo equilíbrio e rigor formais e assunção da sinceridade lírica, ao contexto da poesia portuguesa do final da primeira metade do século, que oferecia "o aspeto de um acampamento desordenado e ruidoso, com pretensas mensagens tremulando no topo de mastros mal firmados" (cf. MOURÃO-FERREIRA, David - "De "O Avestruz Lírico" Até "A Face Nua", in Uma Vez - Uma Voz, 1985, p. 12). A participação no projeto da Távola Redonda, cujo título retoma um poema de António Manuel Couto Viana, datado de 1949, e publicado no fascículo 7, integra o poeta num grupo de autores que fixam como caminho para a aventura estética a busca de uma voz "pura e verdadeira", orientada para a "revalorização do lirismo", e exigindo ao poeta "autenticidade e um mínimo de consciência técnica, a criação em liberdade e, também, a diligência e capacidade de admirar, criticamente, os grandes poetas portugueses de gerações anteriores a 1950. Sem reservas ideológicas ou preconceitos de ordem estética" (VIANA, António Manuel Couto - "Breve Historial" in As Folhas Poesia Távola Redonda, Boletim Cultural da Fundação C. Gulbenkian, VI série, n.º 11, outubro de 1988). Destes princípios brota uma poesia que se aproxima metricamente das matrizes tradicionais, com ligação, no aproveitamento de temáticas dos romanceiros, à tradição oral. Ao mesmo tempo, a poesia revela o contexto literário em que nasce, procurando o poeta, pela ironia, tentar superar "o receio do desacordo entre o tipo de poesia que pode fazer e aquele que o momento exige"(MOURÃO-FERREIRA, David, ibi, p. 13), dando voz, sobretudo a partir de Mancha Solar, à angústia e pessimismo de uma geração pós-guerra, que vive na iminência traumática de uma catástrofe universal ("vivemos ainda, mas sobre o abismo irremediável", "Aviso Inútil") e de uma nação bloqueada num regime totalitário, embora o poeta se mantenha sempre fiel a uma voz íntima e alheio aos "mitos de aluguer", ao partido "Dos homens gastos por bandeiras gastas, / Vigilantes de livros e de castas, / Em defesa do mundo dividido" ("Pátria Exausta").
Bibliografia: O Avestruz Lírico, Lisboa, 1948; No Sossego da Hora, Lisboa, 1949; O Coração e a Espada, Lisboa, 1953; A Face Nua, Lisboa, 1954; Mancha Solar, Lisboa, 1959; A Rosa Sibilina, Lisboa, 1960; Relatório Secreto, Lisboa, 1963; Poesia (1948-1963) (inclui Realejo), Lisboa, 1965; Desesperadamente Vigilante, Lisboa, 1968; Pátria Exausta, Lisboa, 1971; Raiz da Lágrima, Lisboa, 1973; Nado Nada, Lisboa, 1977; Voo Doméstico (inclui Poeta em Veneza, África de Passagem e Por Mão Própria), Lisboa, 1978; Retábulo Para um Íntimo Natal, s/l, 1980; Ponto de Não Regresso, Braga, 1982; Entretanto Entre Tantos, Lisboa, 1985; Uma Vez Uma Voz - Poesia Completa (1948-1983), Lisboa, 1985; Teatro ao Serviço da Criança, Lisboa, 1967; Frei Luís de Sousa à Luz de Novas Luzes, Porto, 1983; Morte e Glória de Narciso no Poeta Alfredo Pimenta, Guimarães, 1982; O Tema da Restauração na Dramaturgia Portuguesa, s/l, 1985; Escavações de Superfície, Lisboa, 1995; O Caminho é por Aqui, s/l, 1949; Auto das 3 Costureiras: Ensaio de Teatro Popular, s/l, 1952; Auto do Bom Pastor, s/l, 1954; Auto do Capitão de Deus, s/l, s/d
Como referenciar este artigo:
António Manuel Couto Viana. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-04-22].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$antonio-manuel-couto-viana>.
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