31 de mar. de 2011

Fontes dizem que Obama autorizou ajuda secreta dos EUA a rebeldes na Líbia; impasse sobre fornecimento de armas continua


Agências internacionais

WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou uma ordem que autoriza o apoio secreto do governo americano às forças rebeldes que tentam derrubar o líder líbio, Muamar Kadafi, afirmaram à Reuters quatro funcionários do governo nesta quarta-feira. Esse tipo de ordem é a principal forma usada pelo Executivo para autorizar operações secretas da Agência Central de Inteligência (CIA). Segundo as fontes, Obama assinou a ordem, conhecida como "decisão presidencial", nas últimas duas ou três semanas. A Casa Branca e a CIA, porém, não quiseram comentar o caso.
"Como é a prática comum nessa e em todas as administrações, eu não vou comentar questões de inteligência", afirmou Jay Carney, porta-voz da Casa Branca, em uma nota, acrescentando que não há qualquer decisão sobre a possibilidade de enviar armas a rebeldes líbios.

Rumores de que Obama havia dado a autorização para a operação na Líbia vieram à tona depois que o governo americano e aliados falaram abertamente sobre a possibilidade de enviar armamentos para os rebeldes lutarem contra as forças de Kadafi, que estão mais bem equipadas. Segundo o "New York Times", agentes da CIA foram mandados à Líbia para reunir informações úteis aos bombardeios aéreos e fazer contato com rebeldes.
Em entrevista à rede NBC na noite de terça-feira, Obama disse que os EUA não descartavam a possibilidade de prover equipamento militar ao eles.
- É justo dizer que, se quiséssemos colocar armas dentro da Líbia, provavelmente poderíamos. Estamos analisando todas as opções neste momento - afirmou Obama à âncora Diane Sawyer.
Fontes militares familiarizadas com os procedimentos de inteligência dos EUA disseram que estas "decisões presidenciais" são normalmente adotadas para fornecer uma autorização geral para uma série de possíveis ações secretas do governo americano. Em 2009, Obama deu uma autorização similar para a expansão das ações secretas antiterrorismo da CIA no Iêmen.
Um artigo no site estatal "Voice of America" no início de março descreveu ações secretas "como qualquer esforço do governo americano de mudar uma situação econômica, militar ou política no exterior de forma escondida". A reportagem explicou ainda que as atividades "podem englobar publicidade, manipulação eleitoral, armar e treinar insurgentes, e até incentivar um golpe de Estado".
Para operações específicas - como o envio de dinheiro ou armas aos rebeldes -, a Casa Branca ainda precisaria dar uma "permissão" adicional para que elas fossem realizadas. Oficiais explicaram que estas autorizações subsequentes são conhecidas como decisões "Mother may I".
Envio de armas a rebeldes divide opiniões da comunidade internacional
As atividades secretas dos EUA na Líbia, no entanto, devem ser implementadas com cautela até que as agências de inteligência consigam reunir informações sobre a identidade e liderança das forças rebeldes.
" Toda a questão de treinar e equipar exige saber quem são os rebeldes "

- Toda a questão de treinar e equipar exige saber quem são os rebeldes - afirmou Bruce Riedel, ex-membro da CIA, especializado no Oriente Médio.
Riedel ressaltou ainda que ajudar os opositores a se organizar e treiná-los para usar armamentos é mais urgente do que apenas o envio de armas.
A questão tem dividido a comunidade internacional. Reino Unido, França e EUA acreditam que a resolução da ONU sobre a Líbia permite que governos estrangeiros armem os rebeldes. Mas a Otan, que está no processo de assumir o comando das operações militares no país africano, rejeitou a teoria, afirmando que a Líbia está sob embargo de armas.
China, Rússia e Alemanha também são contra o fornecimento de armas para os opositores. O ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, criticou a possibilidade de fornecer armas aos insurgentes e afirmou que Moscou teme que alguns rebeldes sejam aliados da al-Qaida.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, por sua vez, apoiou o argumento da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, de que as nações poderiam fornecer legalmente as armas.
- Não descartamos isso, mas ainda não tomamos qualquer decisão - disse Cameron.

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