9 de abr. de 2011

Meio Ambiente- URUGUAI

Pesquisa confirma que plantações de milhos transgênicos contaminam as convencionais
 
Uma pesquisa intitulada ‘Polinização cruzada entre cultivos de milho transgênico e não-transgênicos comerciais no Uruguai', realizada pela Universidade da República do país e divulgada no final de março, revelou que as plantações de milhos transgênicos contaminam as plantações de milhos tradicionais em seus arredores, em diversas situações.

O estudo avaliou cinco áreas e em três delas ficou comprovada a contaminação pela plantação transgênica. Nas outras duas áreas uma diferença entre as datas do plantio ou do florescimento das lavouras, evitou o cruzamento ou o reduziu para quantidades mínimas que não podiam ser detectadas pela amostragem.

O cultivo de milho transgênico é autorizado no Uruguai, mas a regulamentação vigente exige que cerca de 10% da área plantada se faça com um cultivo não transgênico como refúgio de biodiversidade, e que se mantenha uma distância de isolamento de pelo menos 250 metros desde outros cultivos não transgênicos.

O grau de polinização cruzada entre cultivos de milho no Uruguai é desconhecido. Segundo os pesquisadores, é importante observar este aspecto para a conservação de recursos genéticos locais, para a produção orgânica, e para a produção no Uruguai de semente de milho de alta qualidade. Por isso, a pesquisa avaliou a ocorrência e a frequência dos fenômenos de polinização cruzada entre cultivos comerciais de milhos transgênicos próximos, mediante amostragem de campo.

Foram identificadas nove fazendas de milhos transgênicos e não-transgênicos vizinhas, favoráveis ao estudo. Destes nove casos, se identificaram cinco com potencial risco de polinização cruzada, que favorece a contaminação, em função da distância entre os cultivos e a coincidência nas datas de semente. E entre elas, três deram como resultado presença do transgene na dependência do milho convencional, determinando-se que o transgene encontrado coincide com o presente na fazenda vizinha plantada com milho geneticamente modificado.

As regras uruguaias determinam que pelo menos 10% da área com milho transgênico seja de refúgio com milho convencional para retardar o desenvolvimento de pragas resistentes. Além disso, é preciso manter distância mínima de 250 metros de isolamento entre a lavoura modificada e as demais.

No entanto, em um dos casos analisados, o estabelecimento de uma distância maior do que a definida de 250 metros não evitou a polinização cruzada. Neste caso, o cultivo de milho convencional estava a uma distância maior que 330 metros do cultivo de milho transgênico. Em outro caso, a presença de uma barreira de 30 metros de largura de eucaliptos também não evitou a polinização cruzada.

Estudos apontam a velocidade do vento como sendo a principal variável a determinar a quantidade de pólen que será dispersa pelo ar.

Para os pesquisadores, o estudo colocou em questionamento a eficácia da regra nacional que determina 250 metros de distância entre cultivos transgênicos e não-transgênicos, e gerou informações relevantes para a conservação local de recursos genéticos, para a agricultura orgânica, para a produção de sementes de milho e para políticas que visem garantir a coexistência entre sistemas de produção.

O estudo recomenda que para os próximos trabalhos seja ampliada a zona de amostragem e que se analise para cada caso um maior número de indivíduos, a fim de aumentar a precisão das estimativas que se realizaram e a probabilidade de detecção de frequências mais baixas de contaminação.

Para ler o relatório na íntegra, acesse:

http://www.redes.org.uy/wp-content/uploads/2009/10/Estudio-final.pdf

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