A corajosa defesa da liberdade na Feira do Livro de Buenos Aires
Digno e corajoso o ministro (secretário) da Cultura da cidade de Buenos Aires, Hernán Lombardi.
Ele ergueu sua voz contra a feroz campanha patrulheira, que chegou ao nível da ameaça física, de “intelectuais” ligados ao kirchnerismo – corrente populista autoritária do peronismo inspirada no falecido presidente Nestor Kirchner – contrários a que o escritor peruano e Prêmio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, “reacionário e neoliberal”, fizesse o discurso de abertura da tradicional Feira do Livro da capital da Argentina, para a qual, diga-se de passagem, o escritor foi convidado.
Eis um trecho do discurso que Lombardi pronunciou hoje no evento:
– Uma cidade aberta ao mundo dos livros é uma cidade aberta às liberdades, já que o livro é uma manifestação de liberdade, de um encontro de liberdades: a do escritor, que expressa sua forma de pensar, e a do leitor, de construir sua própria liberdade a partir do que lê. Toda intromissão que impeça que estes encontros se produzam será falta grave e merecedora de condenação social e política. Tarefa absurda, vã e perigosa, que constitui em tomar de antemão as opiniões próprias como absolutas, em detrimento das dos outros.
Qualifiquei de corajoso o secretário porque, no clima ideológico crispadíssimo que se criou em torno da presença de um renomado e premiado escritor numa feira de livros, não estranharia se os trogloditas do pensamento tentassem linchá-lo por defender a liberdade.
[Ricardo Setti]
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