29 de mar. de 2011

  A Democracia dos poderosos... É a única democracia que existe



Raphael Tsavkko
Venho acompanhando o chamado "conflito basco" há anos, não como um observador imparcial, mas como um ativista pró-movimento nacionalista (Abertzale) interessado e que estuda profundamente a situação.



Minha intenção clara é a de, senão influenciar, ao menos de dar uma visão alternativa aos brasileiros e lusófonos em geral do que acontece no País Basco e que a mídia insiste em esconder ou apresentar com viés espanholista.
Para a mídia brasileira a Espanha é uma democracia perfeita que luta contra terroristas assassinos e nacionalistas residuais. A verdade não poderia ser mais diferente. Mas a mídia brasileira, neste caso, não pode ser apenas acusada de má fé, a verdade é que a própria mídia espanhola - a fonte para a mídia brasileira - é constantemente sufocada ( auto-sufocada também) e pouco escapa da verdade.
Tentativas anti-democráticas cotidianamente condenadas pela ONU de censurar e calar a voz nacionalista (que representa a maioria da população Basca e também Catalã) raramente chegam até a mídia internacional e mesmo pouco tem de relevância na mídia espanhola.
Na Espanha, a lei serve apenas para uns poucos. Ela não privilegia a sociedade ou garante a todos o acesso, por exemplo, a um lugar no parlamento. Na Espanha as forças políticas que podem existir são apenas aquelas que os partidos majoritários permitem e não aquelas que representam os legítimos anseios da população.
Um exemplo clássico? A Ley de Partidos. Esta lei foi criada exclusivamente para proibir que partidos ligados à Esquerda abertzale concorressem em qualquer eleição no País Basco. Ou seja, uma lei foi criada pelos grandes partidos com a única intenção de impedirem ser ameaçados por outros partidos menores em seus interesses.
A desculpa da violência é pífia, ou mesmo do rechaço à ela. Até hoje o PP jamais repudiou o Franquismo e partidos neofascistas como a Falange são totalmente legais, mesmo defendendo abertamente a violência e tendo ligação com grupos terroristas como Cristo Rey e outros.
Nada sustenta a Ley de Partidos além da justiça espanhola, a mesma que legitima a prática de tortura nas delegacias e a dispersão de presos políticos pelas cadeias da Espanha, dificultando o acesso dos presos às suas famílias e comunidades.
A Ley de Partidos é o golpe final da Espanha contra o crescimento da insatisfação da população Basca com o governo espanhol. Graças a ela, hoje, o PSE (braço do PSEO) está no poder, em aliança com os Franquistas do PP no País Basco, em clara fraude eleitoral, onde os votos de pelo menos 15% da população foram jogados no lixo.
A isto, a Espanha e seus partidos majoritários chamam de Democracia.

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