7 de abr. de 2011

O JUDICIÁRIO, A TERRA DA IMPUNIDADE E UM CASTELO DE AREIA.

 



O Judiciário brasileiro está acostumado a surpreender o povo com notícias de escândalos de corrupção, privilégios nababescos, mentalidade medieval, lentidão a toda prova e toda sorte de absurdos que a mente humana é capaz de imaginar. Farfalhando com suas togas negras reluzentes em corredores revestidos pelo mais belo mármore superfaturado, muitos juízes brasileiros esquecem-se, quase sempre convenientemente, de que a justiça deve ser célere; eficaz e visar o bem comum e não privilégios individuais.
Cercados de pompa e circunstância e vivendo sob uma aura de deuses onipotentes; os juízes brasileiros pertencem a uma classe especial de seres humanos. São os únicos funcionários públicos do planeta que, apanhados cometendo crimes e deslizes, recebem como “punição máxima” uma gorda aposentadoria.
Assim; desde que Daniel Dantas revelou, com todas as letras, que tinha domínio sobre os tribunais superiores brasileiros; as cortes máximas da nação vagam sob suspeição perene da população mais instruída e menos alienada.
Se em qualquer outro país do mundo, as gravíssimas acusações levantadas pela Operação Satiagraha, teriam dado ensejo a investigações minuciosas nas altas cortes – visando detectar os “ministros” que atuam a serviço da corrupção – aqui, estimulado por um presidente comprometido moralmente com o banqueiro (como o relatório da PF, referente ao Mensalão, provou) e por um congresso completamente subserviente e dependente financeiramente de esquemas financeiros do mesmo Daniel Dantas e de Marcos Valério; as acusações foram esquecidas e nenhuma investigação sequer foi pensada. Em todo esse mar de lama, o único punido foi aquele que não se vendeu ao corruptor e descobriu a suposta ligação dos poderosos políticos e dos ministros das cortes supremas com esse esquema criminoso e abjeto: O Delegado Protógenes.
 
Agora, mais uma vez o Judiciário Brasileiro, através de uma de suas altas cortes (o STJ – Superior Tribunal de Justiça) vem em socorro dos corruptos e, numa decisão que causa estranheza a qualquer pessoa de bom senso; invalida a Operação Castelo de Areia e livra, numa única canetada, dezenas de políticos, ministros de Estado, empreiteiros, industriais e o próprio atual vice-presidente da república, Michel Temer. Os partidos beneficiados pelo esquema de superfaturamento de obras e repasse de dinheiro para financiamento de campanhas formam uma miríade que abrange todas as ideologias e cadeiras do Congresso. Foram destinatários do dinheiro sujo, segundo as conclusões da operação: o PPS, PSDB, DEM, PT, PSB, PDT, PP, PTB e PV.
A justificativa dos ministros do STJ para liberar os canalhas e “lavar” todo esse dinheiro sujo foi de que as interceptações telefônicas, responsáveis pelo início das investigações e pela exposição desse esquema sórdido, foram fruto de denúncia anônima. Mesmo AUTORIZADAS judicialmente.
Ora, caro leitor, nossos ministros do STJ acabam de abrir um precedente para libertar milhares de traficantes, assassinos, ladrões de carga, pedófilos, torturadores de crianças, corruptos de todos os naipes e – na mesma tacada – acabaram com a utilidade de serviços como o Disque Denúncia.

Nossos nobres ministros, acostumados aos frios e reluzentes granitos e mármores dos palácios onde trabalham, parecem terem se esquecido de que a denúncia anônima é um elemento válido para justificar investigações e até prisões no mundo todo.
Quantos crimes foram desvendados em nosso país, graças a uma denúncia anônima? Quantos criminosos sádicos e extremamente violentos foram presos, apenas por esse poderoso instrumento que a população (e o Estado) possui para se proteger do crime e da corrupção?
Certamente, a impressão que fica na mente do cidadão minimamente instruído é que os ministros se preocuparam muito mais em livrar a cara de certas figuras influentes e de grande fortuna.
Afinal de contas, assim como Gilmar Mendes – na época da Satiagraha – emitiu um Hábeas Corpus ao melhor estilo “The Flash” para liberar Daniel Dantas da cadeia – curiosamente poucas horas depois do banqueiro informar sua vontade de fazer valer o direito ao benefício da “Delação Premiada” (sendo criticado publicamente por membros do próprio Judiciário); o que dizer das pressões exercidas sobre o pessoal do STJ em um processo que envolve diretamente o Palácio do Planalto.
Assim como o Mensalão caminha para o esquecimento e a Satiagraha deixou como único punido o delegado que não aceitou propina; a Operação Castelo de Areia também se dissolve sob o ataque inexorável das ondas do mar de lama e de corrupção que banha as praias desse nosso país chamado Brasil.
Pense nisso.


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