Inventou-se agora o debate “Maconheiramente correto"
O que tem me divertido um tantinho no debate sobre a descriminação da maconha é o vocabulário “maconheiramente” correto.
Eu fumo tabaco — Hollywood, que se compra em padaria e boteco. Não me orgulho. Tentei parar uma única vez. Parei. Achei que era mais feliz com ele. Voltei. É vício! Ninguém pode se orgulhar daquilo que o escraviza. Ponto! Eu jamais teria a cara de pau de dizer que sou um “fumante recreativo”. Sou um viciado.
O deputado Paulo Teixeira, do PT de São Paulo, quer que os “consumidores recreativos” de maconha possam plantar seu próprio produto! Uau! Essa gente gosta tanto de “recrear” — o verbo existe — que se organiza para ser… produtor rural! Mas notem que seria agricultura de subsistência! Coragem, deputado! Elabore um projeto para que esses novos homens da terra tenham acesso ao crédito subsidiado do Pronaf! Depois do incentivo à “agricultura familiar”, vamos financiar os agricultores que não são tão de família…
Vejam bem: num estado organizado como o brasileiro, com uma estrutura impecável de vigilância de fronteira, que consegue coibir com espantosa eficiência a entrada de armas e drogas no país, o monitoramento das “CMPT” — Cooperativas de Maconha Paulo Teixeira” (sugiro que a turma da recreação o homenageie) — será tarefa banal.
“Mas e o cigarro?” A turma que está a fim de enfiar o pé na jaca adora confundir as coisas, comparando alhos com bugalhos para tentar vender bugalho por alho. Cigarro não altera a consciência de ninguém. Ainda assim, é claramente reconhecido como um mal. Tanto é verdade que se vem fechando o cerco a fumantes mundo afora. A turma da maconha quer fazer o contrário: conquistar a simpatia da sociedade. E mente de maneira descarada. Assegura, contra todas as evidências, que a substância é inócua como droga e, o mais escandaloso, que não vicia: só recreação.
“Mas o álcool altera a consciência, né, Reinaldo?” Altera e é um dos graves males sociais do Brasil, todo mundo sabe. Está na raiz, por exemplo, de boa parte das mortes no trânsito. “Se as demais drogas são proibidas, por que não o álcool?” Ora, entenda-se uma coisa: não se trata de “fazer justiça” com os usuários das outras substâncias, mas de não agravar o que já é bastante difícil de controlar. A propósito: quem argumenta assim quer proibir o álcool ou liberar as outras drogas? Ninguém precisa responder. Eu conheço a resposta. A comparação, no entanto, não é de todo despropositada: se, um dia, as drogas hoje proibidas forem liberadas, haverá uma explosão de consumo, a exemplo do que ocorre com álcool e cigarro. É tão óbvio!
Maconheiro não é viciado, sei disso — viciado sou eu, este reles consumidor de tabaco. Eles são apenas um pouco teimosos e apaixonados pela sua recreação e pretendem que o debate sobre o “direito” de consumir se dê no vácuo, como se o Brasil não estivesse no mundo e não se relacionasse com ele, inclusive na definição do que é e do que não é crime. Se o Brasil legalizasse as “comunidades verdes” de Paulo Teixeira, iria se transformar na meca latino-americano de drogados e traficantes.
De todos os argumentos, o mais fraquinho é o que prevê o fim do poder do narcotráfico com a legalização da maconha. Bem, então estamos falando de todas as drogas, certo?, sem exceção. A maconha é só a fachada mais “benigna” da tese. Já que o estado não consegue ser eficiente para impedir que o crack, por exemplo, devaste a vida de milhares de brasileiros, vamos para o liberou-geral!
Não dá! A tese é insustentável e, de resto, conta com o repúdio da esmagadora maioria dos brasileiros — exceção feita aos “bacanas” e endinheirados que consomem os produtos proibidos porque não se sentem obrigados a cumprir a lei que vale para o populacho. Vá perguntar às mães pobres da periferia, cujos filhos vivem sendo assediados por traficantes, o que elas pensam a respeito. Por ali, meninos que caírem em desgraça não terão recursos para freqüentar clínicas de reabilitação, psicólogos etc. Também não têm um futuro garantido. Quanto mais distante estiver a droga do seu dia a dia, melhor.
Nesse caso, os amantes do povo não querem nem saber o que pensa o “povão”. Ele só é uma instância sagrada quando se trata de usá-lo como pretexto para endossar as teses “progressistas”. Se ele se mostra “reacionário”, então é sinal de que tem de ser educado.
Os maconheiros estão na maior viagem!
Mobilizaram a cúpula do PT. Nunca antes na história deste país tantas figuras graduadas do maior partido do Brasil discutiram com tanta ênfase este tema fundamental, definidor mesmo dos destinos da nação: a legalização da maconha e a criação de cooperativas de maconheiros recreativos, que vão plantar o próprio mato, sem dar “lucro” para traficante!
É isto! Para esses petistas, o que faz mal é o lucro; a maconha deve fazer bem!
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