17 de abr. de 2011

DENÚNCIA

México
Pesquisa aponta polícia como grupo mais intolerante à diversidade sexual


"(…) Sempre me senti estranho, alguém que não estava certo. Para mim, descobrir que havia mais homossexuais foi demais. Não estou sozinho!” Depoimentos como o de Miguel, que ilustram a Pesquisa Nacional sobre Discriminação no México 2010 (Enadis, sigla em espanhol), demonstram as situações de discriminação sofridas por pessoas com preferência sexual distinta da heterossexualidade. Realizada pelo Conselho Nacional para Prevenir a Discriminação (Conapred) e lançada esta semana, a Pesquisa identifica principais focos de intolerância contra lésbicas, homossexuais e bissexuais no país.

A polícia foi apontada por 42,8% dos entrevistados como o grupo mais intolerante ao segmento. Em segundo lugar, com 35,3%, aparecem as "pessoas da sua igreja ou congregação”. Em oposição, a opção "amigos” é mostrada como a de maior tolerância, com 82,9%; e, em seguida, aparece a família, com 75,4%.

Para uma a cada duas pessoas pesquisadas, a discriminação é o principal problema enfrentado por lésbicas, homossexuais e bissexuais. Em seguida, aparecem a falta de aceitação e as críticas/provocações. Ao levar em consideração o nível socioeconômico, cerca de 58% das pessoas com nível baixo ou muito baixo opinam que a discriminação é a principal questão. Por outro lado, apenas 37,4% dos entrevistados de nível socioeconômico de médio alto a alto revelam a mesma opinião.

Sobre os serviços de saúde, a Pesquisa demonstra a intolerância sofrida nesse meio, levando em consideração o sexo dos pesquisados. As mulheres lésbicas afirmam perceber maior intolerância dos serviços de saúde que os homens homossexuais. Por fim, o documento revela, ainda, que 44,1% dos entrevistados mencionaram não estar dispostos a permitir que viva em sua casa uma mulher lésbica; 43,7% um homossexual; e 35,9% uma pessoa com VIH/Sida.

A primeira Enadis foi feita em 2005 e "permitiu que a sociedade mexicana e suas instituições reconhecessem a magnitude da discriminação e suas diversas manifestações na vida cotidiana”, assinala o texto introdutório da Pesquisa. Na Enadis 2010, "são fornecidos elementos para conhecer as percepções da discriminação entre a população em geral e dos distintos grupos que vivem vulneráveis à discriminação”. Além dos homossexuais, lésbicas e bissexuais, a pesquisa traz dados sobre mulheres, crianças, jovens, minoria étnicas e religiosas, pessoas com deficiência, migrantes e trabalhadoras do lar.

No México, uma das práticas discriminatórias contra a diversidade sexual que está expressamente reconhecida na legislação nacional vigente é a de realizar ou promover agressão física ou psicológica contra pessoa que assuma publicamente a preferência sexual. Em março de 2011, as duas Câmaras do Poder Legislativo Federal aprovaram a reforma constitucional, a qual inclui o termo preferências sexuais expressamente no artigo 1º.

Para acessar integralmente a Pesquisa: http://www.conapred.org.mx/redes/userfiles/files/ENADIS-2010-RG-SemiAccs-02.pdf
Camila Maciel
Jornalista da Adital
Adital

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