9 de abr. de 2011

E a popularidade de Dilma? Será que é mesmo como disse a imprensa brasileira? Leiam isto

Vocês se lembram que escrevi alguns posts aqui discordando do modo como a imprensa brasileira estava lendo as pesquisas de opinião sobre a popularidade do governo Dilma? Resolveram comparar o primeiro levantamento sobre a sua gestão com o primeiro sobre a gestão de seus antecessores. Eram duas as minhas objeções:
a) a ser assim, adota-se um método, e sua popularidade terá sempre como referência a daqueles que a antecederam. Se vale para a primeira, por que não para as demais?
b) o método escamoteia um fato óbvio: num governo que foi eleito para ser de continuidade, a popularidade dela, embora boa, caiu muito. Afinal, é o nono ano de governo do PT;
c) considerando que ela não pegará um ciclo tão virtuoso na economia, a presidente pode vir a ter alguns problemas.
Pois é… Muita gente reclamou de minha “exótica” leitura. Só minha??? Olhem este gráfico.
eurasia-datafolha 

São números do Datafolha lidos por uma consultoria. O texto que segue explica tudo. Como se nota aí, ela colocou num gráfico a evolução de popularidade de Lula e de Dilma. Acho que a coisa fala por si. Não estou dizendo que a consultoria me dá razão e pronto! Só estou deixando claro que não recorri a nenhum exotismo. O texto em azul foi extraído do Mansueto Almeida. Foi ele quem primeiro publicou o gráfico. Atenção especial ao que vai em negrito. Volto para encerrar.
Primeiras Dúvidas em Relação à Política Econômica
Apesar dos analistas econômicos, no Brasil, serem críticos dos rumos atuais da política econômica, não havia até o momento lido nada que questionasse o bom momento pelo qual passa o Brasil. A exceção é o FMI. Em janeiro deste ano, o FMI liberou um relatório com comentários sobre a economia global, no qual afirmava que o equilíbrio fiscal em países como Brasil, China e Índia estão mais fracos do que o previsto e ressaltava a deterioração nas contas fiscais brasileiras  que seria “particularmente pronunciada”:
“The deterioration in Brazil’s fiscal accounts is particularly pronounced, and the government is now expected to miss its fiscal target (a primary balance of about 3 percent of GDP) by a wide margin” (ver pp. 4 Fiscal Monitor Updated).
Esse relatório do FMI foi o primeiro a ir contra as avaliações francamente positivas dos analistas no exterior. No entanto, tanto aqui no Brasil  quanto lá fora começam a surgir dúvidas sobre a política econômica do governo Dilma.
No relatório de hoje (04 de abril) para seus clientes, o banco de investimento Credit Suisse mostra que houve um novo aumento na mediana das expectativas de inflação do mercado. A inflação esperada para 2011 passou de 6,00% para 6,02% e, para 2012, a mediana das expectativas de inflação passou de 4,91% para 5,00%. Apesar disso, na média, o mercado espera um aumento menor da taxa de juros; que terminaria este ano em 12,25%  (meio ponto de aumento percentual até o final do ano) e passaria para 11,25% no final de 2012.
O Credit Suisse, embora concorde com um aperto monetário para este ano abaixo do que era esperado, aposta em uma taxa de juros no final de 2012 muito maior: 14%. A razão é que uma política monetária mais soft este ano contaminaria a inflação de 2012 e, assim, seria necessário um novo ciclo de aumento de juros.
Essa visão pessimista do Credit Suisse vai ao encontro do mais novo relatório da EURASIA sobre o Brasil, uma consultoria política americana que presta serviços para bancos de investimentos e investidores institucionais. No seu mais novo relatório (”BRAZIL: Rousseff’s approval ratings likely to gradually fall this year, adding pressure for more spending in 2012″), a EURASIA tem uma interpretação diferente da imprensa brasileira quanto aos recentes índices de aprovação do governo da presidente Dilma, que mostram uma aprovação de 47% entre aqueles que consideram o seu governo excelente ou bom. Na visão da consultoria,  esse índice de aprovação representa, na verdade, uma forte queda em relação à taxa de aprovação do governo Lula; o que significa que a opinião pública está separando o governo da nova presidente da figura do presidente Lula.
A consultoria sugere que o cenário para a nova presidente pode piorar por três motivos: (1) redução do crescimento econômico (muito gente já estima que o crescimento este ano fique abaixo de 4%); (2) aumento da inflação, que vai corroer o poder de compra do trabalhador de mais baixa renda; e (3) o cenário fiscal pior de 2012, que já começa com um gasto extra de quase R$ 25 bilhões em virtude a regra atual de reajuste do salario mínimo e novas demandas fiscais que ficarão cada vez maiores em um governo com índices de popularidade caindo.
A equipe econômica tem uma tarefa difícil pela frente para convencer ao mercado que sua política é consistente. No momento, o mercado começou a olhar apreensivo para 2012. Essas análises não são consensuais, mas o “gato subiu no telhado”.
Voltei
Acho que vocês já tinham lido coisa parecida em algum lugar, não é mesmo?
Por Reinaldo Azevedo

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