Manter prisão ajuda reeleição de Obama
Para analistas, imagem do presidente pode ser afetada no exterior; nos EUA, porém, fechar Guantánamo prejudicaria sua candidatura em 2012
Carolyn Kaster/AP
Prejuízo. Maior dano a Obama será nos países árabes
A imagem do presidente americano, Barack Obama, pode ser afetada no exterior pelo fato de ele não ter fechado a prisão de Guantánamo, em Cuba, após dois anos de governo. Nos EUA, entretanto, sua reeleição, em 2012, estaria comprometida se ele tivesse cumprido a promessa, segundo analistas.
"Acredito que sua promessa de campanha tenha sido sincera na época, mas também foi um erro", afirmou Thomas Mann, do Brookings Institution. "Suspeito que a prisão esteja funcionando enquanto Obama estiver na Casa Branca."
De acordo com o analista conservador Michael Barone, Obama não se arriscará a um confronto com a opinião pública sobre um tema tão sensível quanto a prisão de Guantánamo, destinada a suspeitos de envolvimento nos atentados de 11 de setembro de 2001 e em outros atos de terror.
Rebelião interna. Mesmo no partido de Obama, o Democrata, vários congressistas chegaram a pedir que o presidente não enviasse a proposta de fechamento da prisão ao Congresso.
"Se a opinião pública for contra o fechamento de Guantánamo, Obama não levará adiante sua promessa. Primeiro, porque a maioria dos americanos não quer isso. Segundo, porque será perigoso para seu futuro político", disse Barone.
O prejuízo para o presidente americano, dentro dos EUA, estará na parcela do eleitorado que mais se importa com as questões de direitos humanos e se encontra à esquerda do Partido Democrata. No plano internacional, segundo analistas, o dano será maior para Obama nos países árabes.
O presidente americano surpreendeu muita gente este ano ao manter os prisioneiros de Guantánamo sujeitos a tribunais militares, iniciativa tida como sinal de abandono de sua promessa de fechar a prisão.
Crítica ao WikiLeaks. Ontem, ao reforçar a "forte condenação" do governo americano à divulgação de documentos secretos pelo site WikiLeaks, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, insistiu que a promessa de Obama está de pé.
"Agora, nosso foco está na promessa do presidente de trabalhar pelo fechamento do centro de detenção de forma consistente com as boas práticas de segurança e com os valores da nação", afirmou Carney, referindo-se a compromissos assumidos pelo ex-presidente George W. Bush e pelo senador republicano John McCain, candidato derrotado por Obama na eleição de 2008.
Denise Chrispim Marin - O Estado de S.Paulo
CORRESPONDENTE / WASHINGTON
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