27 de abr. de 2011

Se for executado pelo Estado, Longo não poderá doar seus órgãos


Um norte-americano condenado à morte pela Justiça do Estado do Oregon quer doar seus órgãos depois de executado para fazer um bem para a sociedade depois de ter assassinado sua mulher e seus três filhos pequenos, segundo a MSNBC.
Christian Longo, de 37 anos, afirma que a doação de seus órgãos pode salvar a vida de seis a 12 pessoas que estão na fila de espera por um transplante. "Poder salvar tantas vidas significa muito para mim", diz o assassino que está preso há quase dez anos na Penitenciária de Oregon, em Salem.
No entanto, seu pedido foi negado pelas autoridades que se recusam a negociar com um assassino convicto. Segundo especialistas, a doação de órgãos de prisioneiros condenados à morte é moralmente censurável. Além disso, os médicos afirmam que uma pessoa que está atrás das grades não tem a mesma lucidez de alguém que está livre para tomar uma decisão tão importante.
"Eu não acho que queremos uma sociedade que retira os órgãos de seus prisioneiros. Seria como usar essas pessoas como um meio para atingir um fim", diz Paul R. Helft, diretor do centro de ética médica da Universidade de Indiana.
Se for executado pelo Estado, Longo não poderá doar seus órgãos, de acordo com a lei. No entanto, se morrer de causas naturais ou de qualquer outra razão na cadeia, poderá ter seu pedido realizado. A prática de doação de órgãos de prisioneiros não-executados, porém, é rara.
Grupos pró-doação já fazem campanha para que a Justiça aceite a doação de Longo. Somente no Estado de Oregon, onde o prisioneiro será executado, há 768 pessoas na fila por um transplante.
"Eu não me importo de quem eu consegui meu novo coração", afirma a escritora Hiland Doolittle, que ficou dois anos na fila por um transplante.
Além de toda a questão legal e ética, há mais um aspecto que torna a doação de Longo difícil de ser concretizada. Apesar de todo altruísmo do preso, é difícil simpatizar com a causa de um sujeito que matou a mulher MaryJane, de 34 anos, e a filha Madison, de 2, guardou seus corpos em uma mala e os jogou no mar. Além disso, Longo também assassinou Zachery, de 4 anos, e Sadie Ann, de 3, amarrando pedras em seus tornozelos e jogando seus corpos nas águas congeladas da baía de Oregon.
Depois de cometer os crimes, Longo voltou a trabalhar normalmente em uma lanchonete. Dias depois, o assassino viajou para o México, onde fingiu ser um repórter do jornal "The New York Times". Lá, ele nadou e mergulhou como se fosse um turista e ainda se envolveu amorosamente com uma mulher.
Para Longo, as doações não irão compensar seu crime. Ele considera sua pena de morte justa, já que permitirá que faça o bem e leve o conforto para outras famílias. "Desta maneira, não tem como eu falhar", conta.

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