28 de abr. de 2011

"Lula precisa de um antimicótico moral"

 

 

Luiz Inácio Lula da Silva declarou que está com “coceira”, com aquela “comichão” para cair nos braços do povo… Na impossibilidade de tomar uma boa dose de simancol, deveria ingerir um antimicótico moral. Talvez lhe fizesse bem. Santo Deus! Esse sujeito não aprende nada nem esquece nada. Agora sabemos por que o silêncio de Dilma parece música aos nossos ouvidos. O Apedeuta participou ontem do 8º Congresso Nacional de Metalúrgicos da CUT, em Guarulhos (SP). Estava desesperado para ouvir de novo o som da própria voz. Falou por mais de uma hora.
Diagnostiquei o seu mal psíquico no fim do ano passado, quando ele afirmou que sentia certa inveja de Dilma Rousseff porque seria ele a passar o governo para ela: Síndrome da Inveja do Próprio Pênis. Lula se adora, mas não se basta. Ele se apaixonou pelo mito. Vive num permanente processo de adoração da personagem que inventou e a inveja. Ontem, lançou um novo bordão: “Nunca antes na história da humanidade” houve um governo como o seu. O “nunca antes na história destepaiz” era só a expressão de sua modéstia decorosa. Em meio a um pletora de bobagens, ditadas por sua megalomania, disse ao menos uma coisa bastante séria — que não é novidade para os leitores deste blog, em especial para aqueles que seguem as considerações deste escriba desde Primeira Leitura.
Discursando aos metalúrgicos, afirmou, referindo a si mesmo e a Dilma:
“Eu sei que, às vezes, vocês ficaram chateados, ficaram decepcionados, mas, neste momento, vocês têm de dizer: ‘Ele cometeu um erro, mas ele era nosso. Ela cometeu um erro, mas ela é nossa. Portanto, é nossa obrigação dar sustentação para ela [Dilma] para que tenhamos uma Copa do Mundo maravilhosa. Depois vamos fazer uma Olimpíada maravilha”.
É uma fala mais cheia de significados do que parece. Os trabalhadores não devem analisar os governos segundo seus acertos e seus erros. Isso os tornaria indivíduos com a faculdade de julgar. Nada disso! O que interessa é saber se o governante é ou não “um dos nossos” (deles). Se for, então é uma “obrigação” apoiá-lo. A exortação, obviamente, deve ser lida também em sentido inverso. Não sendo o governante “um dos nossos”, que importa que ele acerte? Nesse caso, a “obrigação” é desestabilizá-lo. Não foi o que fizeram o PT e Lula com todos os governos que o antecederam, estivessem eles certos ou errados? “O Plano Real é feito por um deles? Então somos contra! A Lei de Responsabilidade Fiscal é proposta por um deles? Então somos contra”. Há dias, petistas e sindicalistas endossaram milhares de demissões na usina de Jirau. Se quem demite é “um dos nossos”, então será por bons motivos. Ai se fosse “um deles”!
Isso, meus caros, não é democracia! A noção que Lula tem do poder guarda certa semelhança com uma guerra de gangues ou de bandos. Não por acaso, neste fim de semana, o PT recebe de braços abertos o disciplinadíssimo Delúbio Soares! Que companheiro! Que homem honrado! Que grandeza de espírito! Ficou calado! Aceitou, por um bom tempo, ser a Geni do Brasil, mas, agora será reabilitado. E volta ao partido com o patrocínio se Lula, segundo quem o mensalão nem mesmo existiu.
Mas a fala de Lula tem ao menos mais um significado. Notem o espírito de tutela em relação ao governo Dilma e a consideração, ainda que por vias oblíquas, de que ela está cometendo erros — que ele admite ter cometido também, claro, claro… Ocorre que, no momento, é ela quem governa.
O gerente está na área. Outro recado ainda foi mandado a Dilma:
“Estou com uma saudade, uma comichão, uma coceira esquisita, com vontade de fazer caravana, viajar pelos estados, fazer plenárias, visitar quilombos e indígenas. Eu estou com vontade de tudo, mas eu tenho de me controlar pois somente com autocontrole é que eu vou conseguir desencarnar e assumir o papel de ex-presidente de verdade”.
Pois é… Vai que ele não consiga, não é?, ou que ela “erre” demais…
O homem que está levando Delúbio Soares de volta ao partido agradeceu aos metalúrgicos o apoio recebido durante a crise do mensalão:
“No momento difícil, de uma crise delicada neste país, quem assumiu a defesa do governo não foi nenhum jornal, televisão ou empresário. Foi o movimento sindical e o movimento popular”.
Lula demonstra a sua gratidão àqueles que foram mais do que tolerantes com a corrupção: foram coniventes. Dado esse padrão imoral, é impressionante que seja a oposição a viver uma crise avassaladora. Lula até foi generoso, em sua boçalidade, ao compará-la a carrapicho. No momento, ela não incomoda ninguém, a não ser os próprios parceiros… Sem ter uma minoria organizada que consiga, ao menos, fazer a crítica dos desacertos na área econômica, ainda sobrou tempo ao Apedeuta para dizer que as dificuldades que estão aí, especialmente a inflação, são coisa produzidas pelos gringos…
Nunca antes na história da humanidade…
Por Reinaldo Azevedo

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