29 de abr. de 2011

Direitos Humanos-China

Ativista dos direitos humanos Ai Weiwei continua preso

Ativista dos direitos humanos Ai Weiwei continua preso
"Nos últimos tempos eles (autoridades chinesas) metem cada vez mais pessoas na prisão somente porque redigiram uma mensagem no Twitter ou num blogue", denunciou Weiwei em entrevista a um jornal suíço DR

O conhecido artista, arquiteto e filósofo contestatário do regime chinês que recentemente apelidou de “desumano”, foi preso pelas autoridades chinesas no passado domingo e desde então nada se sabe da sua situação. Governos e organizações internacionais unem vozes de apelo à libertação e ao respeito pelos direitos humanos na China.

Ai Weiwei, nascido a 28 de agosto de 1957, é um ativista dos direitos humanos na China e filósofo, atividades que acumula com as de arquiteto, curandeiro, fotógrafo, crítico de cinema, crítico social e cultural. Ao nível da arquitetura, distinguiu-se ao ter sido contratado como consultor artístico pela sociedade suíça de arquitetos Herzog & de Meuron na construção do estádio olímpico de Pequim para as olimpíadas de 2008.

O reputado artista, apesar da notoriedade que atingiu, ou talvez até em virtude dela, assumiu há muito um papel importante na luta pelos direitos humanos no seu país natal.

Pouco antes de ser preso, e tendo tido uma premonição da sua iminente detenção, não teve dúvidas em denunciar que “os poderosos querem evitar que se ouçam vozes críticas. Querem destrui-las. Não querem nenhuma discussão aberta”.

A sua mulher e também artista, Lu Qing, informou as circunstâncias da prisão. Weiwei preparava-se para apanhar no aeroporto de Pequim um avião que o levaria a Hong Kong quando foi abordado pelas autoridades chinesas que o transportaram. Ao mesmo tempo a casa do casal era alvo de uma intensa rusga. Lu Qing informou que as autoridades não explicaram as razões da detenção de seu marido.

Com um largo historial de luta pelos direitos humanos e de desafio às autoridades do hermético e fechado regime chinês, a situação afigura-se desta vez como sendo “extremamente séria”. Lu King denuncia que “fizeram buscas ao seu estúdio e levaram CD´s e discos rígidos e todo o tipo de material, mas a polícia não disse onde ele está ou do que estão à procura. Não há informação sobre ele”.

Esta terça-feira, as autoridades policiais procederam a interrogatórios de várias pessoas no âmbito das investigações do processo que conduziu Weiwei à prisão.

Apelos e críticas do estrangeiro
A prisão do mais conhecido ativista de um alegado lançamento de uma “revolução jasmin” convocada pela Internet e visando um movimento em tudo semelhante àquele que sacudiu e ainda sacode o mundo árabe, suscitou a nível internacional um coro de apelos para a sua libertação.

“Apelo ao governo chinês que clarifique urgentemente a situação e o bem-estar de Weiwei e esperamos que ele seja libertado em breve”. Foi neste termos que o chefe da diplomacia britânica William Hague comentou a prisão do artista.

“Foi com grande preocupação” que o chefe da diplomacia alemã Guido Westerwelle, viu a detenção de Weiwei e juntou-se ao coro daqueles que pedem a libertação do filósofo.

No outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, o porta-voz do Departamento de Estado [equivalente ao MNE na Europa por aquelas bandas] denunciou “uma tendência de desaparecimentos forçados, detenções extrajudiciais, prisões e condenações de ativistas por exercerem os seus direitos humanos internacionalmente reconhecidos”.

Mark Toner afirmou que a “detenção do artista e ativista Ai Weiwei é inconsistente com as liberdades fundamentais e direitos humanos de todos os cidadãos chineses” concluindo com um apelo “ao governo chinês que o liberte imediatamente”.

A primeira a pronunciar-se sobre a detenção do arrivista chinês foi no entanto, a França que na passada segunda-feira e pela voz do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Bernard Valero, afirmou que “a França recorda a sua ligação à liberdade de expressão em todo o mundo e o direito dos defensores dos direitos humanos de exercerem livremente as suas atividades”.

“Esperemos que ele seja libertado em breve” rematou o diplomata.

O representante da União Europeia em Pequim pediu às autoridades chinesas que “se abstenham de recorrer à detenção arbitrária quaisquer que sejam as circunstâncias”.

“Perto de ultrapassar a linha vermelha”
Em Pequim reina o silêncio. Nem governo, nem polícia aceita comentar a situação referente a Ai Weiwei.

O aparelho no poder optou por transferir para os órgãos de comunicação social a tarefa de dar explicações sobre a detenção.

Nessa linha o importante quotidiano “Global Times”, jornal propriedade do “Quotidiano do Povo”, jornal oficial do Partido Comunista chinês, escrevia esta terça feira que Weiwei se preparava para “transpor a linha vermelha”.

Quanto aos comentários feitos pelas autoridades de países e organizações internacionais e estrangeiras o jornal afirma que “eles não compreendem a complexidade” do sistema legal chinês e “atacavam” a China.

“Ai Weiwei compreende provavelmente que em inúmeras ocasiões se aproximou muito da linha vermelha e é possível que ele goste da sensação”, lê-se na edição do jornal, que acrescenta que “se ele continuar nessa via “é possível que ultrapasse essa linha”.

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