Os verdadeiros culpados
João Bosco Leal
Soube pela imprensa do que eu gostaria muito que fosse uma piada de mal gosto, mas não é, e na última semana do mês de Agosto prescreverá o crime de formação de quadrilha no processo, em andamento no Supremo Tribunal Federal, do chamado “Mensalão do PT”.
Com isso, 22 dos 38 acusados estarão livres dessa acusação. Diz a matéria de um dos jornais de maior circulação no país, que pelo cronograma informal do relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, o processo só estaria pronto para ser colocado em pauta no segundo semestre de 2012, mas, em decorrência do período eleitoral, o julgamento ficaria para 2013.
Segundo o jornal, nos últimos meses diversas articulações vêm ocorrendo para contribuir com o esvaziamento do processo, como a indicação do ministro Luiz Fux ao Supremo Tribunal Federal, e a indicação por Dilma Rousseff de mais dois membros da Corte que deve ocorrer antes do julgamento, e integrantes do governo dizem que, para essas indicações, haverá a mesma preocupação com o caso.
Como há dificuldades em obter provas de todas as denúncias, os ministros consideram ser praticamente impossível condenar José Dirceu por corrupção ativa, pois com a prescrição da acusação de formação de quadrilha não haverá mais acusações contra ele.
Percebe-se ainda, claramente, diversas manobras para fortalecer membros do PT réus no processo, como José Genoino e João Paulo Cunha. Como que por provocação, o atual governo, ao que parece, escolheu a dedo onde colocar esses acusados.
José Genoíno assumiu o posto de assessor especial do ministro da defesa Nelson Jobim, justamente aquele que comanda as mesmas Forças Armadas, que no passado o prenderam, armado e em plena floresta, como membro da Guerrilha do Araguaia.
João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, e réu no processo do mensalão, foi reeleito com expressiva votação como deputado por São Paulo, e já assumiu o cargo de Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Como provocação contra tudo o que ainda resta de honesto nesse país, a escolha foi perfeita nos dois casos e, para isso, certamente obtiveram ajuda externa, de membros de fora da cúpula do partido, pois pelo que têm divulgado a imprensa, a grande maioria da cúpula pensante desse partido é mais dedicada a outras especialidades, como a concentração de poder e a corrupção, e o baixo clero restante não teria capacidade para escolher tão bem onde colocar esses membros.
Os brasileiros assistem incrédulos essas ocorrências, e, provavelmente como eu, imaginando o que ocorreria se fossem eles, simples eleitores, que tivessem sido flagrados com dólares na cueca, em operações fraudulentas em bancos, caixas dois, e todos os outros crimes dos quais esse grupo é acusado.
As acusações eram tão graves e consistentes que, à época, mesmo com todos os esforços realizados pelo então Ministro da Justiça, e renomado advogado, Márcio Thomaz Bastos, tornaram insustentável a permanência de José Dirceu, suposto chefe do grupo, na Casa Civil da Presidência da República.
Os réus no processos do “Mensalão do PT”, ao invés de serem julgados e, se condenados, serem encarcerados para pagar por seus crimes, estão agregando a seu time outros cidadãos mal intencionados. São a grande maioria dos legisladores, tão ou mais culpados que eles, pois legislam de modo a permitir que crimes que também cometem, ou pretendem cometer, prescrevam sem sequer serem julgados.
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