Colômbia: Tragédia, Alegria e Esperança
Há décadas a Colômbia sofre por conflitos armados iniciados com guerrilhas que propunham uma transformação política em favor do povo menos favorecido. Contraditoriamente hoje, somados e articulados a conflitos alimentados pelo narcotráfico e a mineração, os confrontos armados afligem, massacram e camuflam a supressão de direitos, especialmente das populações mais humildes.
Em meio a tragédia dos conflitos, o povo colombiano, alegre e acolhedor, resiste e planta sementes de esperança.
Somente no departamento do Chocó, localizado na costa pacífica colombiana, mais de uma centena de pessoas, 25 a 30% da população desta zona, em sua maioria camponeses, indígenas e afrocolombianos, foram expulsas de seus locais de origem e lutam para sobreviver longe de suas casas, quase sempre na periferia das cidades. Em todo o país os dados oficiais divulgados pela TV local falam de mais de 400 municípios que vivem sob risco permanente de confronto entre os diversos grupos armados.
Grupos guerrilheiros há bastante tempo começaram a admitir receitas provenientes da venda de drogas para financiar suas lutas, justificando essa ação por, em sua maioria, a droga rumar para os EUA e Europa, degradando as sociedades que desde muito exploram o Novo Mundo. Narcotraficantes, movidos unicamente pela possibilidade de grana fácil, também agem, às vezes seduzindo, e normalmente coagindo a população rural ao cultivo de ilícitos.
O exército, não livre de corrupção e comandado por governos de extrema direita, não poucas vezes agridem violentamente os mais fracos, os agricultores e povos tradicionais, expulsando muitos dos que ainda não haviam sido enxotados pelo narcotráfico. Mais terríveis que estes são os grupos paramilitares, formados por sanguinolentos mercenários, grupos que, muitas vezes, matam para depois perguntarem quem era.
E agora, quando as coisas pareciam estar rumando para uma diminuição dos conflitos, surge uma nova ameaça. Empresas multinacionais de mineração, aproveitando do ainda conturbado território colombiano, contratam entre os grupos paramilitares tropas para "limparem o terreno”. A operação consiste em obrigar a plantar ou simplesmente acusar campesinos que habitam em zonas onde existe minério, de estarem cultivando coca, para assim justificar o assassinato e/ou expulsão dos mesmos.
Mas os bons, generosos e simpáticos colombianos, grandíssima maioria neste país nosso irmão, onde tive o prazer de estar no último mês, resistem e reconstroem a esperança a cada dia. Com sua incrível força e alegria não param de pôr em ação propostas de um mundo de dignidade e paz. É assim no pequeno município de San José Del Plamar, onde o povo, com sua prefeitura, impregnados até a alma da consciência ambiental, põem em caminho propostas que buscam garantir seus direitos de vida digna e a preservação da riquíssima e única biodiversidade e paisagem naturais, fazendo frente e buscando apoio em todas as partes para barrar o nefasto e famigerado avanço das mineradoras. Em El Carmen Del Atrato, cidade onde na igreja se encontra a memória de mais de oitenta pessoas, parte dos muitos membros daquela comunidade mortas pelos grupos armados, não são menores os esforços para construir uma sociedade melhor.
Quem dera que nós todos, aprendendo e solidários com as suas lutas, procurássemos conhecer e apoiar os esforços para cuidar do nosso meio ambiente e das pessoas e contagiássemos nossa América de paz e alegria!!!!
Maurício Adu Schwade
Casa da Cultura do Urubuí
Adital
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