Código afetará acesso à água
Igarapé assoreado no Vale do Juruá (AC): fenômeno agrava-se ainda mais se a partir da proposta dos 15m feita pelo relator da matéria MONTEZUMA CRUZ |
As alterações propostas pelo deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) no Código Florestal são nocivas às águas e mananciais do País e podem prejudicar o fornecimento nos próximos anos.
Essa foi a conclusão de um grupo de trabalho que reuniu empresários, gestores públicos e ambientalistas debruçados sobre o tema anteontem, em Manaus, durante o 2.º Fórum Mundial de Sustentabilidade - reunião de políticos, empresários e ambientalistas que durou três dias e terminou ontem na capital do Amazonas.
Na noite de anteontem, o grupo se preparava para endereçar uma moção à coordenação do fórum, defendendo que sejam mantidos os 30 metros atuais de mata ciliar de ambos os lados dos rios, número que a proposta do deputado pretende reduzir pela metade.
"Na verdade, não é pela metade", explica Mário Mantovani, superintendente da organização não governamental SOS Mata Atlântica. "Na atual redação, são postulados 30 metros de mata de cada lado a partir do leito mais largo do rio.
A proposta do Aldo postula 15 metros a partir do leito mais estreito. Ou seja: esses 15 na verdade seriam sete, porque as cheias é que fazem com que o leito aumente. Se você conta a partir do momento de seca, não está reduzindo pela metade, está reduzindo mais."
Proteção
O secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Edson Giriboni, afirma que todas as medidas de proteção de mananciais são bem-vindas. "Devemos ser radicalmente a favor de medidas que preservem e protejam os nossos mananciais. Seria um contrassenso se aprovássemos medidas que nos prejudiquem mais, levando em conta que temos mananciais já bastante agredidos e prejudicados no Estado de São Paulo."
Giriboni cita o recente atlas da Agência Nacional de Águas (ANA) segundo o qual haverá problemas de fornecimento de água em mais de 50% das cidades brasileiras nos próximos anos. E dá como exemplo o projeto do parque Várzeas do Tietê, que recebeu U$ 200 milhões do Banco Mundial justamente para recomposição das várzeas e matas ciliares da bacia mais importante do Estado.
Ele diz que a tragédia no Japão pode atrasar o financiamento da quarta etapa do projeto de despoluição do Tietê. "Tínhamos garantido um recurso da Jica (Japan International Corporation Agency) de US$ 1 bilhão para a quarta etapa da despoluição do rio, mas com a tragédia está claro para nós que não será possível. A Sabesp está buscando novas formas de financiamento."
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