BC está no limite da perda de credibilidade, diz Loyola
Ex-presidente do Banco Central critica a “banalização das medidas macroprudenciais”
Loyola:
"São necessárias mais duas altas de meio ponto percentual na taxa básica de juros"
O Banco Central (BC) está no limite da perda da credibilidade, o que é muito perigoso para a missão da instituição de combate à inflação.
A avaliação é do ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, que critica a “banalização” das medidas macroprudenciais. “É importante colocar as coisas no lugar. Hoje vale tudo. Tudo é macroprudencial O livro-texto não pode ser esquecido”, diz o economista, que defende medidas tradicionais de política econômica no controle dos preços.
“A medida macroprudencial tem como objetivo a redução de riscos sistêmicos. Há algumas medidas (adotadas recentemente pelo governo federal) que têm outros objetivos, como a restrição de entrada de capitais, que não são propriamente macroprudenciais, pois não existe necessariamente um desequilíbrio. O extremo disso foi quando o governo adotou um aumento de IOF para compras no exterior com cartão de crédito. Isso aí jamais será macroprudencial. É para evitar que o brasileiro se endivide? Ora, isso não é macroprudencial. Então, eu acho que tem um abuso aí”, afirma Loyola.
O economista, que é sócio-diretor da Tendências Consultoria, acrescenta: “Outro abuso ainda mais grave é achar que medidas macroprudenciais substituem as políticas tradicionais de controle de demanda agregada, que são as políticas fiscal e monetária. É claro que essas medidas macroprudenciais têm efeito sobre demanda agregada, mas elas não têm ou não deveriam ter por objetivo o controle da demanda.”
Com a experiência de quem já esteve na presidência do Banco Central em duas oportunidades (de 13/11/1992 a 29/03/1993 e de 13/06/1995 a 20/08/1997), Gustavo Loyola ressalta que “o regime de metas de inflação é um regime que tem um arcabouço de comunicação entre o BC e o mercado, que pressupõe uma linguagem compreensível de ambas as partes e um comportamento previsível e transparente do Banco Central. Agora, com medidas (macroprudenciais) que são muito opacas do ponto de vista de resultados – já que você não sabe qual é o efeito sobre a demanda –, o mercado não acredita no efeito e, portanto, as expectativas inflacionárias pioram”.
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