Regime sírio reprimiu com tiros protesto pacífico
Pelo menos 88 pessoas morreram, segundo ativistas de direitos humanos
Do R7, com agências internacionais
AFP
Manifestantes fazem protesto contra o governo em Banias, no nordeste da Síria
Forças de segurança do regime sírio usaram balas de verdade e bombas de gás para reprimir as manifestações que tomaram as ruas de várias cidades do país nesta sexta-feira (22). Pelo menos 88 pessoas morreram nos protestos, segundo contagem do Comitê de Coordenação Local, entregue à agência Reuters. Segundo uma testemunha ouvida pela rede Al Jazeera, os ativistas carregavam ramos de oliveira, um símbolo da paz, quando foram surpreendidos pela forte repressão.
Os protestos pedem reformas democráticas no país, uma ditadura governada com mão-de-ferro por Bashar al Assad, que em 2000 herdou o poder do pai, Hafez al Assad, que por sua vez assumiu o regime em 1970, com um golpe.
Diante da onda de manifestações, o regime suspendeu, nesta semana, o estado de emergência que vigorava no país há cinco décadas. Embora possam protestar legalmente a partir de agora, os ativistas ainda precisam de autorização do governo.
Nesta sexta-feira houve registro de mortes nas cidades de Izraa, Douma, Zamalka, Homs, Moadamia e Daraa. Na capital, Damasco, os protestos tem sido contidos, devido à forte presença policial. O dia de manifestações tem sido chamado de "Sexta-feira grande".
Um dos manifestantes, identificado apenas como Hazem, disse à rede de TV Al Jazeera que em Damasco os ativistas carregavam ramos de oliveira, um símbolo da paz, quando os policiais abriram fogo.
A TV estatal culpa a mídia estrangeira pelos protestos.
"Sexta-feira grande" foi o dia mais sangrento dos protestos
Apesar de alguns números conflitantes, a "Sexta-feira grande" já é considerada o dia mais sangrento desde que a onda de protestos teve início em 15 de março, semanas após a queda das ditaduras da Tunísia e do Egito. Desde então, o Oriente Médio e o norte da África (em especial a Líbia) estão em ebulição, no que vem sendo chamado de "primavera árabe".
Nesta sexta-feira, uma multidão saiu às ruas do país para pedir reformas democráticas no regime sírio, apesar de o ditador Bashar al Assad ter derrubado, nesta semana, a lei de emergência que vigorava no país há cinco décadas.
O governo dos Estados Unidos, do Reino Unido e da França já pediram ao regime sírio o fim da repressão.
O presidente americano Barack Obama pediu à Síria que interrompa o uso de violência "revoltante" contra manifestantes. Obama acusou Al Assad de buscar ajuda do Irã para reprimir os protestos que pedem reformas no país.
Segundo as agências de notícias, dezenas de milhares de manifestantes saíram às ruas em Homs, 10 mil em Deraa, pelo menos 5.000 em Qamishli (nordeste) e milhares em Duma, perto de Damasco, segundo testemunhas.
Os manifestantes, entre eles árabes, curdos e cristãos siríacos, concentraram-se na mesquita Qasmo, agitando bandeiras sírias. Alguns levavam faixas com os dizeres: "árabes, siríacos e curdos contra a corrupção". Outros gritavam em língua curda "liberdade, fraternidade".
Revogação de lei não impediu protestos
Os protestos em várias cidades, apesar da decisão do presidente Al Assad de derrubar o estado de emergência, em vigor há quase cinco décadas, e abolir os tribunais de exceção para julgar pessoas consideradas "rebeldes". Apesar da lei ter sido anulada, os manifestantes não terão autorização automática para protestos, precisando de permissão para tanto.
Os protestos em várias cidades, apesar da decisão do presidente Al Assad de derrubar o estado de emergência, em vigor há quase cinco décadas, e abolir os tribunais de exceção para julgar pessoas consideradas "rebeldes". Apesar da lei ter sido anulada, os manifestantes não terão autorização automática para protestos, precisando de permissão para tanto.
A revogação da lei de emergência, em vigor desde que o partido do pai Assad, o Baath, chegou ao poder em 1963 e usada para justificar prisões arbitrárias e a proibição de qualquer oposição, é simbólica, já que outras leis ainda conferem poderes amplos às onipresentes forças de segurança.
Houve também protestos contra o regime de Assad no vizinho Líbano, onde simpatizantes do grupo islâmico Hizb al Tharir (Partido da Liberdade) foram às ruas na cidade de Trípoli, no norte do país.
Manifestantes queimam estátua de irmão do ditador
O vídeo abaixo mostra o ódio dos manifestantes sírios contra a família Al Assad. A gravação foi feita na cidade de Deir ez-Zor e mostra opositores destruindo e queimando uma estátua do irmão do ditador sírio, Basel al Assad, morto num acidente de carro há alguns anos.
O vídeo teve a autenticidade confirmada pela rede Al Jazeera.
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