1 de abr. de 2011

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Ataque contra escritório da ONU no Afeganistão pode ter deixado até 20 funcionários mortos


Agências internacionais


 Um ataque de afegãos inconformados com a queima do Alcorão por um pastor americano pode ter deixado nesta sexta-feira até 20 membros das Nações Unidas mortos, sendo dois deles decapitados, na cidade afegã de Mazar-i-Sharif, informaram autoridades da ONU. O porta-voz das Nações Unidas no país, Dan McNorton, confirmou apenas a morte de sete estrangeiros. Mais cedo, a polícia local informou que ao menos oito estrangeiros tinham morrido, sendo quatro deles guardas nepaleses. A chancelaria da Suécia informou que um cidadão do país está entre os mortos.
A ONU não divulgou a nacionalidade das vítimas, informando apenas que dos sete estrangeiros que tiveram a morte confirmada quatro eram guardas. A informação de que até 20 pessoas podem ter morrido foi divulgada por autoridades da própria organização, mas ainda não foi divulgada oficialmente. Cinco manifestantes também teriam sido mortos no confronto e 20 teriam ficado feridos.
Cerca de mil manifestantes lotaram as ruas da normalmente pacata cidade após as orações de sexta-feira, e, depois de duas ou três horas de protesto, a violência teve início. Um pequeno grupo teria começado a atirar pedras e a escalar os muros do escritório para tentar invadir o local.
"Morte aos Estados Unidos, morte a Israel", teriam gritado os manifestantes durante a passeata que sucedeu às orações de sexta-feira.
O governador da província de Balkh, Ata Mohammad Noor, disse que os insurgentes usaram o protesto como cobertura para atacar o complexo. Segundo ele, muitos dos manifestantes carregavam armas, e 27 pessoas já foram presas após o ataque.
- Os insurgentes tiraram vantagem da situação para atacar o escritório da ONU - disse o governador.
O motivo do protesto foi a queima de um exemplar do Alcorão promovida pelo pastor Wayne Sapp em 20 de março, em uma igreja da Flórida. Durante a queima, estava presente o polêmico pastor Terry Jones, que, em 11 de setembro de 2010, ameaçou queimar o Alcorão até que Washington interveio no caso.
Uma fonte policial, que pediu para não ser identificada, disse que os manifestantes atacaram as vítimas dentro do complexo da ONU. O chefe da missão na cidade ficou ferido, mas sobreviveu. Segundo a polícia, entre os mortos há funcionários noruegueses e romenos.
Um porta-voz da ONU confirmou que houve mortes entre os funcionários da organizacão em Mazar-i-Sharif, mas não forneceu mais detalhes. Segundo ele, a situação ainda estava complicada no local.
Protestos aconteceram também em Kabul
Antes do ataque ao prédio da ONU em Mazar-i-Sharif, cerca de 200 pessoas foram à porta da embaixada americana em Kabul, capital afegã. A manifestação, porém, não teve as mesmas consequências. Além de condenar a queima do livro sagrado, os afegãos de Kabul também protestaram contras a instalação de bases americanas permanentes no país.
Um dos manifestantes admitiu que o líder de uma mesquita os estimulou a protestar contra a queima do Alcorão e contra a instalação das bases americanas. Durante os protestos, via-se bandeiras dos Estados Unidos sendo queimadas e ouvia-se gritos como "não queremos os Estados Unidos em nosso solo".

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