16 de abr. de 2011

DENÚNCIA

Em Portugal, 44% dos brasileiros afirmam que são discriminados
"Sofro muito em Portugal"

Brasileira afirma não aguentar mais as humilhações dos portugueses

"Um vídeo postado  no Youtube por uma mulher indica que o preconceito contra os imigrantes brasileiros em Portugal se tornou dramático por causa da crise econômica do país.

Uma amiga dela informou que se trata de uma jovem de 23 anos que se encontra em Portugal com visto de estudante. Ela estaria cursando comunicação social e é modelo.
Está lá há um ano e meio e a sua mãe, há dois.

Com voz embargada, ela demonstra na gravação abaixo estar desesperada com a falta de emprego e as humilhações dos portugueses."
 

da BBC Brasil

Um estudo publicado pela Agência de Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA, na sigla em inglês) indica que 44% dos 64 mil brasileiros que residem legalmente em Portugal teriam sofrido algum tipo de discriminação nos últimos 12 meses.

Segundo o estudo, esses brasileiros teriam sofrido discriminação ao tentar abrir uma conta bancária, ao buscar trabalho, residência, serviços sociais e de saúde, ou mesmo em bares, restaurantes e lojas. O estudo indica ainda que 74% dos brasileiros consideram alto o nível de discriminação e racismo em Portugal.

Esses números fazem parte da primeira pesquisa já realizada pela FRA sobre a situação dos direitos fundamentais nos 27 países europeus, baseada em entrevistas realizadas com 23,5 mil imigrantes e membros de minorias étnicas residentes no bloco.

O estudo revela que 12% das pessoas que se incluem em um desses grupos foram vítimas de algum tipo de violência motivada por questões racistas durante os últimos 12 meses, entre elas roubos, ameaças e assédios.

Conforme a FRA, 37% dessas pessoas afirmam ter sido discriminadas de alguma forma nos últimos 12 meses e 55% sentem que a discriminação por motivos raciais está amplamente difundida no país onde vive.

O único país no estudo em que são apresentados dados que citam especificamente a discriminação de brasileiros é Portugal.

As conclusões colocaram em alerta a Comissão Europeia, o órgão Executivo da UE. O comissário de Justiça, Jacques Barrot, disse estar "preocupado" com o resultado do estudo, que "mostra que a discriminação, o racismo e a xenofobia continuam sendo um fenômeno persistente na UE" e podem "afetar a integração social de imigrantes e minorias étnicas".

Se em Portugal os brasileiros são a população mais afetada, na Espanha os sul-americanos de forma geral são os que mais reclamam de discriminação: 58% dos entrevistados dessa origem acha que a prática é comum no país, uma percepção manifestada por 54% dos imigrantes norte-africanos e 43% dos ciganos.

Mas na prática os ciganos são o grupo que mais sofre discriminação em toda a UE. De acordo com a pesquisa, metade dos cerca de 12 milhões de ciganos que vivem no bloco foram vítimas de discriminação nos últimos 12 meses.

Nesse mesmo período, 36% dos imigrantes norte-africanos e 41 % dos subsaarianos afirmam ter sofrido alguma discriminação.

A FRA chama atenção para o fato de que 82% das vítimas declaradas dessas práticas não denunciou a agressão às autoridades locais. "A pesquisa revela o quão elevado é, em realidade, o número de delitos racistas e a discriminação na UE. Os números oficiais são só a ponta do iceberg", afirmou Morten Kjaerum, diretor da agência.

"Isso significa que os autores dos delitos continuam impunes, que não se faz justiça às vítimas e que os responsáveis pela formulação de políticas não podem tomar ações apropriadas para evitar que se repitam as infrações", ressalta.

O motivo da omissão em 80% dos casos é a falta de conhecimento a respeito das instituições encarregadas de ajudar vítimas de racismo ou discriminação. Essa foi a razão apresentada por 92% dos brasileiros entrevistados em Portugal.

Outros 40% das vítimas considera esse tipo de incidente algo normal, enquanto 64% disseram acreditar que sua denúncia não teria resultados. A raiz dessa desconfiança, segundo a pesquisa, está na percepção que as vítimas têm do poder público. Entre os entrevistados, 58% dos norte-africanos e 50% dos ciganos disseram acreditar que já foram abordados por agentes de segurança apenas devido a sua origem étnica.

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