21 de abr. de 2011

DENÚNCIA

 Chile
Comunidades Mapuche denunciam violência policial


Os abusos cometidos por carabineiros contra comunidades Mapuche de Panguipulli, região de Los Ríos, Chile, levaram os indígenas a denunciar os soldados na Promotoria Militar. De acordo com os mapuche, as violações acontecem em áreas próximas de um terreno florestal. Outra denúncia feita nesta semana também chamou a atenção: em carta, Héctor Llaitul, mapuche condenado a 25 anos de prisão sob a Lei Anti-Terrorista, apresentou as questões políticas da sentença emitida contra ele e outros três indígenas.

Indígenas de Panguipulli denunciaram à Promotoria Militar de Valdivia os soldados que guardam a área Trafún, atualmente sob posse da empresa Las Vertientes. Segundo os mapuche, os carabineiros "se excedem” no mandato e invadem as comunidades de Juan Painepe e Vicente Reinahuel.

"Às 6h da tarde entram na comunidade e começam a perseguir as pessoas, que têm que se alojar nas montanhas, perseguem até as crianças. As crianças têm que se alojar no monte, ir ao colégio de madrugada e voltar. As pessoas vão ficar com trauma”, destacou Jorge Hueque, integrante do parlamento de Koz Koz.

Alguns indígenas afirmaram que sofreram agressões e apreensões ilegais. María Reinahuel, por exemplo, denunciou que foi apreendida pelos soldados sem que tivesse participado de ocupações do terreno em questão. Francisco Reinahuel, de 84 anos, por sua vez, disse que foi vítima de "agressão injustificada”.

Os soldados estão no local desde o início do mês por ordem judicial emitida pela promotoria local de Panguipulli. Notícias revelam que o pedido de proteção partiu dos proprietários da empresa, os quais se sentiam ameaçados pelas ocupações realizadas pelos integrantes da comunidade Vicente Reinahuel. Os mapuche reivindicam o território, que, segundo eles, pertence a seus ancestrais.

Presos Mapuche

Héctor Llaitul, líder mapuche condenado a 25 anos de prisão, denunciou, nesta semana, através de uma carta, as questões políticas que estão relacionadas à sentença emitida pelo Tribunal de Cañete. Ele e mais outros três líderes indígenas foram julgados, no mês passado, sob a Lei Anti-Terrorista.

Na carta, o líder da Coordenação Arauco Malleco (CAM) afirma que o julgamento fez parte de uma estratégia de criminalização dos mapuche no Chile. De acordo com ele, a condenação das lideranças indígenas foi uma forma para continuar com a repressão e a perseguição contra os mapuche no país.

"É com essa finalidade que se aplica uma norma tão aberrante como a lei anti-terrorista, ante a qual o processado fica inteiramente desprotegido. (...) A aplicação intencional dessas aberrações judiciais tem como objetivo concreto buscar condenações, daí os espúrios processo com procedimentos indevidos e a impossibilidade de juízos justos”, explicou.

Llaitul, Ramón Llanquileo, José Huenuche e Jonathan Huillical foram condenados, no dia 22 de março, a mais de 20 anos de prisão por atentado à autoridade e roubo com intimidação no marco das investigações pelo ataque ao fiscal Mario Elguete, ocorrido em outubro de 2008. Os quatro estão desde o dia 15 do mês passado em greve de fome por um julgamento justo e sem a aplicação da Lei Anti-Terrorista.

Com informações de agências

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