"As Mulheres de Minas no dia dos Inconfidentes"
Anastasia condecora Dilma no Dia de Tiradentes e lembra a coragem histórica das mulheres de Minas, citando Bárbara Heliodora, Marília de Dirceu, dona Hipólita Jacinta, dona Beja e dona Tiburtina Alves, que reagiu à bala a um ataque dos conservadores de Washington Luis contra sua casa.
"... A alma generosa de Joaquim José nos permite dedicar acerimônia de hoje também a outras mulheres de Minas, que aqui fizeram a pátria. A discrição com que algumas delas atuaram na Inconfidência não lhes retira o destemor. Salvou-as, naquele tempo, o preconceito dos inquisidores, que não as viam iguais aos homens na capacidade de pensar e agir, conforme a inteligência da época.
Assim foi, do que nos dizem os autos da Devassa, o comportamento valoroso de Bárbara Heliodora, ao reagir com honra à fraqueza do marido, Alvarenga Peixoto, que pensava eximir-se de sua responsabilidade.
Não seria alheia aos entendimentos revolucionários a musa do Ouvidor Tomás Gonzaga, a jovem Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, Marília de Dirceu, a quem o poeta, com o intenso amor da maturidade, deve ter dividido seus sonhos e seus atos.
Essas mulheres, senhora presidenta, embora fossem, de uma ou outra forma, próximas do movimento, chegaram mediante os homens a quem amavam e que as amavam; não tiveram a militância voluntária de Dona Hipólita Jacinta Teixeira de Mello, a mulher mais rica da Capitania, à época. Mais velha do que o marido, o coronel Francisco Antonio de Oliveira Lopes, companheiro de Tiradentes no Regimento das Minas, é da presunção histórica que lhe coube envolvê-lo na idéia libertadora, e não o contrário.
Sua atuação é documentada: entre outros papéis há uma carta ao Padre Toledo, advertindo-o da descoberta da conspiração e denunciando Silvério dos Reis como o delator, e mensagem endereçada ao Coronel Freire de Andrade, concitando-o a iniciar o levante armado, a partir do Serro.
Dona Hipólita teve os seus bens confiscados pela Coroa, e só muitos anos depois os recuperou. Sua importância histórica foi reconhecida pelo então governador Itamar Franco, nesta mesma praça, em 1999, quando lhe foi outorgada a Grande Medalha da Inconfidência, como homenagem póstuma.
Minas sempre esteve sob a sombra vigorosa de suas mulheres. Antes da Inconfidência, grande parte do século 18 conheceu a fibra de Maria da Cruz, moça fidalga da Casa da Torre, grande povoadora do São Francisco e líder da resistência da região aos desmandos da Coroa Portuguesa.
No século 19, duas figuras femininas dominam a História. De uma delas, Dona Joaquina do Pompeu, temos documentação exaustiva, não só nos papéis, como no sangue: entre seus numerosos descendentes destacaram-se personalidades fortes na política, na inteligência e nos negócios em Minas. A outra, Ana Jacinta de São José, a Dona Beija, do Araxá, foi mulher bela, de forte presença social e política em seu tempo, cuja vida fascinou seus contemporâneos e alimenta, até hoje, a fantástica mitologia mineira.
Não podemos esquecer dona Tiburtina Alves, chefe política de Montes Claros. Há duas versões para a famosa noite de 6 de fevereiro de 1930, quando se dispararam os primeiros tiros da Revolução: uma, a de que os conservadores atiraram contra a residência do deputado João Luís Alves, marido de Dona Tiburtina, e ela comandou o revide pessoalmente, a tiros, a partir de sua varanda.
A outra é a de que a provocação dos conservadores se deu com insultos grosseiros aos partidários da Aliança Liberal - que unia mineiros e gaúchos contra o continuísmo de Washington Luís - e a resposta foi à bala. Com a fuga dos adversários, a primeira refrega do movimento revolucionário de 1930 foi ganha pelos correligionários da brava mineira de Itamarandiba.
São estas mulheres e milhões de outras que fizeram e fazem a história de Minas e do Brasil. Temos, assim, orgulho de ser mineira a primeira mandatária suprema de nossa República"
[Autor:carlos do maranhão]
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