27 de mar. de 2011

Povo indígena no Brasil, não  tem seus direitos  reconhecidos pelo Estado
 Uma PERVERSA realidade 
A sangrenta colonização, que dizimou grande parte da população, também dispersou as comunidades e reduziu de forma drástica o tamanho de seus territórios. Assim , o povo Guarani se encontra longe de seus tekoha, confinado em pequenas porções ou, pior, sem nenhuma terra.
Com as terras invadidas, o povo Guarani de todo o Continente vê fazendeiros e multinacionais lucrarem com a exploração dos recursos naturais de seus territórios colhendo em safras bilionárias de soja, cana e celulose, retirando minérios e privatizando turisticamente a natureza, enquanto vive em situação classificada por organismos internacionais como de genocídio.
Apesar de ser a maior população de um povo indígena no Brasil, esta é também uma das que tem seus direitos menos reconhecidos pelo Estado, principalmente o direito à terra, tendo uma média de menos de meio hectare por Guarani. Em todo o Brasil, ainda faltam ser reconhecidas 95% das terras tradicionais guarani.
Sem terras para cultivar e ter de onde tirar seus alimentos, somente nos anos de 2003 a 2005, o povo Guarani viu 183 de suas crianças com menos de cinco anos morrerem por desnutrição, o maior índice entre os povos indígenas no Brasil.
Vivendo em barracos improvisados à beira da estrada ou confinados em pequenas porções de terras, explodem episódios de todo tipo de violências. Os casos que mais chamam atenção são os de assassinato e suicídio no Mato Grosso do Sul. Conforme levantamento do Conselho Indigenista Missionário, de 2003 a 2005 foram contabilizados 68 suicídios; segundo estudos antropológicos estes suicídios também estão ligados à falta de terra e perspectiva de vida dos mais jovens. Neste período, foram registrados 60 assassinatos entre os Guarani.
Os assassinatos, em geral, são mortes de lideranças encomendados por fazendeiros e conflitos entre os próprios Guarani, que disputam a liderança das comunidades e as pequenas porções de terra onde se encontram. Estes conflitos são insuflados por interesses econômicos de grupos dos invasores que ocupam e se negam a sair das terras tradicionais do povo Guarani.
Os professores Guarani têm papel importantíssimo no atual processo de luta do povo, são eles que ajudam a interpretar o mundo envolvente e, por meio da educação intercultural, formar novas lideranças conhecedoras de sua história, cultura e direitos garantidos na Constituição brasileira.
No Brasil, os Guarani utilizam-se das formas de organização tradicional na luta por seus direitos. As retomadas das terras são feitas com a participação de toda a comunidade. Muitas vezes, as mulheres, por estarem no dia-a-dia mais próximas das necessidades geradas pela falta de terra (como subnutrição das crianças), lideram a luta pela terra. Em todos os lugares onde se encontram, os Guarani permanecem incansáveis em sua resistência de persistir em seus territórios, como exemplo tiveram projeção nos meios de comunicação as lutas pela retomada das terras Morro dos Cavalos em Santa Catarina, Nhanderu Marangatu em Mato Grosso do Sul e Tupinikim/Guarani no Espírito Santo.

“Nossas terras são invadidas, nossas terras são tomadas, os nossos territórios são diminuídos, (e) não temos mais condições de sobrevivência. Queremos dizer a Vossa Santidade a nossa miséria, a nossa tristeza pela morte de nossos líderes assassinados friamente por aqueles que tomam nosso chão, aquilo que para nós representa a própria vida e nossa sobrevivência neste grande Brasil, chamado um país cristão.
Santo Padre, nós depositamos uma grande esperança na sua visita ao nosso país. Leve o nosso clamor, a nossa voz para outros territórios que não são nossos, mas que o povo nos escute, uma população mais humana lute por nós, porque o nosso povo, nossa nação indígena está desaparecendo do Brasil”

Discurso feito por Marçal Tupã-i ao Papa João Paulo II, no ano de 1980, em Manaus. Principal líder Guarani na luta pela terra, Marçal foi assassinado três anos depois na terra Marangatu, no Mato Grosso do Sul, por pistoleiros de uma fazenda. Ainda hoje ninguém foi punido pelo crime, nem a terra Marangatu pelo qual lutava foi definitivamente reconhecida pelo Estado brasileiro.

2 comentários:

  1. Uma vergonha, impunidade regra brasileira!
    Livia Machado-RJ

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  2. GOSTO MUITO DAS CAUSAS AQUI DEFENDIDAS.
    Quisera todos lessem o Real Time, quem sabe alguma diferença poderia ocorrer, neste Brasil de tantos absurdos- terra sem Lei.
    Armando Dantas Braga-SP

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