29 de abr. de 2011

Plantão

Nós merecemos

 Somos os mais conscientes, os mais exigentes eleitores que jamais houve.

Temos um Senado Federal coalhado de grandes nomes. As comissões que se formam lá dentro têm dificuldade em escolher os componentes: sobram doutas e dignas figuras.
São tantos que só me ocorre uma velha expressão francesa para definir a dificuldade na escolha: l’ embarras du choix.
Certamente são escolhidos no palitinho. Só isso justifica o elenco que pisa naqueles tapetes azul-pavão.
Niemeyer sabia o que estava desenhando: um subterrâneo, onde a luz do dia não entra, de onde não se vê o que se passa nas ruas, lugar apropriado para guardar os tipos que lá estão.
Aqui no Rio tememos o que ficou conhecido como saidinha de banco. Você não fica com o dinheiro que sacou nem um minuto após sair da agência – alguém alivia seu bolso em segundos.
Outro golpe comum é o do celular. A pessoa está andando pela rua e falando ao celular; passa o amigo do alheio e arranca o telefone daquela criatura de boa fé.
Como é o nome disso? Pergunto ao senador Requião, ele deve saber, pois foi exatamente isso que ele fez com um jornalista dentro das dependências do Senado Federal!
As vítimas aqui fora podem ir ao distrito mais próximo e dar queixa. Podem e devem, para que as estatísticas de crimes mostrem a realidade do que ocorre em nossas ruas.
Mas no Senado, não. Quer dizer, se fosse o faxineiro que num surto houvesse arrancado o gravador do repórter, o B.O. poderia ser lavrado, mas como foi notória figura senatorial, é proibida a queixa.
Eles são mesmo diferentes. O senador Suplicy, que todos sabemos ser sui generis, declarou ontem que é favorável à rentrée do bravo Delúbio porque é contra a pena perpétua. Mas que pena? Resultado de qual julgamento? Pelo visto, o senador-cantor é a favor, isso sim, das benesses perpétuas.
E o conselho de Ética do Senado? Não é fenomenal? Seus membros formam a plêiade de nomes ilibados que fazem com que olhemos para o Senado como quem olha para um farol no meio do Atlântico encapelado.
É justo que olhemos com admiração esses seres incomuns, como o presidente do Senado: leiam o texto dele hoje na Folha de S.Paulo. Chego a crer que ele merecia ser beatificado antes de João Paulo II.


“(...) é mais fácil viver santo do que ser reconhecido como santo”, lamenta ele.


Tenha fé, senador, e conte com o PT e com o Conselho de Ética do Senado Federal: são muito mais rigorosos que a Congregação para as Causas dos Santos. Na hora certa, seus colegas dirão: “Santo subito”.

Maria Helena

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