Conflitos e mobilizações sociais e étnicas são temas de livro do Nova Cartografia da Amazônia
Comunidades indígenas e ribeirinhas têm seu espaço de luta social e de consciência ambiental retratado em publicação da UEA
O antropológo Alfredo Wagner Berno de Almeida (dir.) coordena trabalho de campo em comunidade do rio Jauaperi (AM)
A diversidade cultural dos povos (indígenas, ribeirinhos) que habitam nas margens do rio Negro, no Amazonas, e suas mobilizações sociais e de afirmação identitária e de direitos territoriais estão reunidas na mais nova produção editorial do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA), grupo de pesquisa vinculado à Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
São dezessete ensaios de 23 autores que retratam, a partir de pesquisa de campo e referência teórica e histórica, as transformações sociais, os projetos políticos, os processos de conscientização ambiental e social e as conquistas de instrumentos de sustentabilidade nas comunidades ao longo do rio Negro, no Amazonas.
Entre as abordagens encontradas no livro "Mobilizações Étnicas e Transformações Sociais no Rio Negro", da UEA Edições, estão os processos de territorialização das comunidades indígenas à margem do rio Cuieiras, em Manaus, a extração de piaçaba na região de Barcelos, a pressão imobiliária na comunidade Manairão, entre Manacapuru e Novo Airão, e as mobilizações étnicas entre os quilombolas do Tambor Rio dos Pretos.
Pressão
O organizador da coletânea, antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida, para expressar as diferentes realidades vividas pelas comunidades ribeirinhas recorreu à metáfora do "rio dividido".
Conforme Almeida, enquanto que no baixo rio Negro as comunidades estão submetidas, sobretudo, à pressão do mercado de terra e ao risco da perda do território, como ocorre em Manairão, na região do Alto Rio Negro, as associações indígenas e ribeirinhas alcançam estratégias para assegurar o uso de seus recursos nos territórios.
"Estamos vivendo duas estratégias diferentes. No Alto Rio Negro há uma autoconsciência cultural e consciência ambiental profundas que deslocaram a presença das ongs atuando como intermediárias. No baixo rio Negro começa a ocorrer uma certa pressão de interesses que querem se apropriar de terras públicas. Da mesma maneira na região de Novo Airão, na fronteira com Roraima, há pressão de transformá-la em áreas de assentamento", observa o antropólogo, em entrevista ao portal acritica.com.
Tensão
Na avaliação de Alfredo Wagner Berno de Almeida, a principal pressão na região do sul do rio Negro tem origem empreendimentos como agências imobiliárias, rodovias, pontes e novas vias de acesso. Isto, conforme o autor, começa a provocar tensão nas comunidades.
Já no Alto Rio Negro, as associações sociais estão se separandodos "eixos intermediários", representado por ONGs, para que os próprios indígenas e ribeirinhas assumam o papel de lideranças.
“Mobilizações Étnicas e Transformações Sociais no Rio Negro” pode ser adquirido na sede do (PNCSA), rua José Paranaguá, 200, Centro, e na livraria do Largo, no Largo São Sebastião. O projeto de pesquisa também publicações sobre movimentos sociais na Amazônia.
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